quarta-feira

a roda da fortuna (yin yang das vadias)

Mas como tudo no bicho homem, a mente cria um espaço vazio de ilusão sobre a realidade que teima em fingir que é o contrário. A vontade, o esforço e o trabalho dão então margem pra ser vistos em duas esferas diferentes, pelo lado de dentro e de fora.
Um exemplo pra facilitar: a diferença entre duas meninas. Uma sempre calma e fria mesmo frente as piores situações, finge que nem é com ela. A outra, ao contrário, se abala, sofre, pede ajuda e corre atrás. Existe uma relação oposta no charme das duas, que a intimidade mostra não nelas, mas no mundo que habitam. A segunda parece insegura e dependente, não se basta em si, não tem o charme da primeira.
Mas esse charme se gasta como perfume, e de perto a primeira revela aos poucos o quanto custa nunca se abalar, se espremendo em meio ao que ela nunca controla, se fechando em sua mente, mistério que quando clareado mostra só a capacidade de se resignar, impotente no retrato quintessencial da mulher objeto, que só tem o valor que os outros projetam nela. Chora sozinha o que não consegue mostrar acompanhada, a solidão de si, a falta de ser o que poderia ser.
A outra se revela muito rápido, ativa e rasa, joga um jogo mais bruto. Fazendo força pelo que quer, mesmo que só queira por um segundo, em uma opulência de movimento. Se abala, não se basta em si, tem que ter o mundo como quer, e não raro consegue. Consegue porque segue reto, tropeçando nos atalhos da mente, sem perceber o quanto é difícil e o quanto é bonito o que faz. Sofre por fora, mas sofre colidindo com o mundo, e não se comprimindo nele.

Um comentário:

Constança disse...

a amandinha eh a primeira e eu a segunda