quinta-feira

direto do moleskine iii

só através da arte (e sua multiplicidade de significados)
se legitima (e perdôa)
as incoerências nas vidas das pessoas.

rascunhos sobre a crise

O descolamento da economia como instrumento para se promover o bem-estar das pessoas aconteceu muito cedo. Os grandes economistas e advogados do mercado falam como se as crises e convulsões do sistema não tivessem as grandes consequencias que tem na sobrevivência (muito mais do que na vida) das pessoas.
Eles pensam assim porque isso é verdade pra eles. Claro, perder o emprego é uma merda, falir o seu negócio é chato, mas é radicalmente diferente de dizer que amanhã você não vai ter mais como comer, se locomover, ter cuidados médicos e ter um teto sob o qual dormir.
A classe dominante no primeiro mundo se blindou os direitos fundamentais contra as mazelas da instabilidade da economia de mercado. É fácil apoiar um mecanismo que na pior das hipóteses te mantem com todo o necessário para uma vida decente, e na melhor te deixa milionário.
Do lado de baixo do mundo estão os outros que tem o exato oposto: na melhor das hipóteses vivem dignamente, e na pior vivem na miséria ou morrem desnutridos. Não é a tôa que o capitalismo não seja tão bem aceito entre as massas sem chance no jogo no qual nunca tiveram vez.
Cara eu ganho, corôa você perde.

segunda-feira

pontes


Bad Religion, Piotr Kropotkin, sociobiologia, ateísmo. E a esperança que meu exílio na Inglaterra seja produtivo.
Amanhã vou tentar virar mordomo do embaixador brasileiro. oh well.

terça-feira

Der Wille zur Macht III -auto ajuda nietzschiana

Se faz necessário um equilíbrio entre as próprias convicções de si e a atenção a opinião alheia. Confiar demais no que se pensa de si te torna um louco, confiar demais no que os outros sabem de ti te faz um fraco. Não saber a diferença é comum, a maioria não passa de sonâmbulos mesmo.
Mas o ponto é a capacidade de se manter fiél ao que se acha de si, conseguir fincar o pé e aguentar a onda, ter altura suficiente pra não se afogar na maré alta, que ainda por cima sempre tenta apagar o pouco de si que custa tanto de escrever nas areias da praia. O tempo, os outros, o cansaço. Tudo conspira a favor de deixar de ser o que se é.

sombras

Quem é você que só aparece quando invocado?
Quem é você que tem medo de estar sozinho?
Quem é você que muda conforme a luz?
Quem é você que só fala pela voz dos outros?
Quem é você que não faz mais do que esconder?
Quem é você que se recusa a ser o que quer?
Sempre com fome, nunca faminto
Puro extremo, exatamente o oposto do que se acha
Você é só uma sombra

sexta-feira

the doomsday that never was (Corínthians e Palmeiras na próxima reunião do G20)

Depois de me frustrar procurando confusão a manhã toda, com direito a ir em frente a embaixada americana e tudo o mais, perdi pra fome e fui pra casa almoçar. Evidentemente aconteceram coisas, mas dado o tamanho de Londres e o tamanho das coisas, para se estar por dentro disso aparentemente é necessário estar na lista de emails, ou twitter, da galerinha certa. Mais uma vez fui derrotado pelas minhas tendências anti-sociais.
Essa e essa matéria são interessantes pra se ter uma idéia do auge do negócio. Devem ter muitos relatos na blogosfera (repare que a maioria das pessoas em quase todas as imagens dos protestos empunhavam câmeras fotográficas), mas eu não estou com saco pra isso (youtube tem bastante coisa).
O fato é que Brasília me persegue. Aqui, como lá, tem muito mais policial que protestante (os únicos ajustes são que 1.aqui tem muitíssimos repórteres -dezenas- e 2. todas as fantasias paranóides dos protestantes são verdade, policiais com rifles nos telhados são abundantes, e pseudo-protestantes são relativamente fáceis de se distinguir pelo seu porte e maneiras).
A crise ainda não chegou concretamente no bolso do povão, eu tenho a impressão de que nego ainda tá levando na esportiva, com a rede enorme de benefícios (tipo seguro desemprego, auxílio moradia, essas coisas), e as próprias economias do povo segurando as as pontas. Londres não é Seattle, não é Cochabamba, não é Gaviões da Fiél contra Mancha Verde. 2009 não é 1929, e os protestantes não são hardcore soldiers. Um dia talvez alguém tenha que perguntar: who are the warriors?
Can you dig it?

the doomsday that never was (Londres não é Seattle)

Eu juro que no meio desses bobbys tem uns punks. E um cadeirante. Devem ser amigos, sei lá. Isso é em frente ao parlamento, o mesmo prédio do big ben. Tirando os hippies que sempre estão acampados num gramado que tem do outro lado da rua, não teve nada mais digno de nota.
Acordei cedo pra me juntar as massas em revolta contra o sistema financeiro, depredar a city (que é a Londres antiga, o miolinho da cidade, hoje abriga os escritórios de bancos e grandes corporações -o mal), e quem sabe, pela primeira vez na vida, não ter medo de tomar bala de policial.
Meu ônibus demorou pra cacete pra chegar no centro, e eu pensei que estaria entrando em uma zona de guerra que parou o trânsito até a zona 3 (onde eu moro), mas no fim das contas eram só obras na rede elétrica ou de telefone (que estão rolando em toda parte aqui). Aliás, essas obras deram margem pra que muitas calçadas, e mesmo ruas, fossem cercadas por pequenas grades, perfeito para conter as massas famintas que eu achava que iriam derrubar a bastilha nesse dia.
Qual não foi minha surpresa em ver o centro completamente vazio. Não era o vazio ideológico que eu esperava, com gente sem saber o que estava fazendo aqui, ou o vazio organizacional, que sempre fez o Estado ganhar dos excluídos; era o vazio demográfico mesmo. Não tinha ninguém. No desespero, eu tentava me aproximar de qualquer pequeno grupo de gente que eu conseguia avistar, na esperança de que fossem comunistas desgarrados, anarquistas conceituais, populares empolgados. Sempre eram só mais um bando de turistas. O maior de todos tinha uma senhora falando em francês, e uma tradutora simultaneamente falando em liguagem de sinais. Tudo muito civilizado, como de costume.

the doomsday that never was (o primeiro de abril dos protestos)


















Buckingham Palace 10:30












Trafalgar Square 9:30

quinta-feira