sábado

memórias III

Se os outros são tão importantes assim até pra manter o que se lembra (mesmo do que não tinha ninguém junto de mim -quando eu tomava café?), e o que se lembra é basicamente o que eu me entendo por mim mesmo, e o outro grande pedaço do que eu sou é fruto das expectativas dos outros, caralho, a única coisa que realmente depende só de mim sozinho no mundo é o meu corpo.
Porque não é mais uma questão somente de corresponder ao que os outros esperam de você, o que obviamente muda quando os outros ficam pra trás, mas mesmo aquela parcela inatingível, o núcleo do que é meu e de mais ninguém, minhas queridas lembranças (provavelmente) guardadas no meu hipocampo. Se até essa parcela é sujeita ao quanto eu passo o tempo com um ou com outro (o que vai fazer durar mais -na média- minhas lembranças relativas a um e não ao outro), as companias realmente dizem sobre a pessoa. Um dos grandes componentes da nossa capacidade de determinarmos o que nós nos tornamos é então mero fruto da possibilidade de escolher com quem passamos o nosso tempo.

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