segunda-feira

on subtitles


It probably has something to do with the fact that when you work at something and get paid to do it, it is really hard realizing that there are people that do the same thing for free.
The case in point is subtitling. There is a whole industry that caters for the production of subtitles, and the agents in this industry are facing increasing problems. Their inability to see some of the possible solutions come from a few mental obstacles, a few shortcomings in seeing things in different ways. It is not the case that they are hard to understand or that people in this industry are less intelligent than average. Each of these shortcomings has a understandable origin and a rationale that once made sense, but they are increasingly making it hard for the industry to come to terms with its new challenges. 

1.Bad management disguised as cost cutting. 

The relative small number of subtitling companies in London can give the impression that one or two companies are representative of the industry, or that whatever they say it’s necessary for the industry is necessary for the industry, and not just necessary for this particular company. It is just like when someone says that they really like you, but they are not ready for a serious commitment. As is widely known, that only means that they do not want a serious commitment with you.
The lack of a more competitive environment can give birth to the false idea that the way things are being done by the only existing actors is the right way, or the only way things can be done. That is particularly dangerous when bad management and bad business practices end up being disguised as necessary measures, like downsizing, dividing the workload between workers who end up not having any responsibility for the end product, hiring cheap untrained staff, falling standards, etc. These are just products of bad management and business strategy, but in a scenario with no competition, the short term cuts in costs can look like a good thing for the company, something that very often turns out not to be the case.
Bad management is just bad management, it should not be confused with the way things have to be now, because of the crisis and all. Feel free to think about analogies with the whole banking crisis, or property prices in the UK, the American tea party craze,  or any other suitable comparison.

2.Piracy is not always the enemy

People working in subtitling tend to hold to the common belief that file sharing is killing the industry. While this is a complex discussion with lots of arguments from both sides, they should not blind us to the fascinating fansub scene that has blossomed alongside internet piracy.
Originating from the demand over obscure Japanese media (anime, manga, videogames) amateur subtitles, translations and adaptations have expanded side by side with the internet. From the point of view of the English speaking world, fansubbing has never transcended its niche otaku ghetto, but everyone else is aware that a big proportion of media produced in the planet is in English, and not everyone speaks it. This demand for translated material is not always efficiently explored by market forces, and in this gap the fansub phenomena expanded into being one of the main sources of translated material, especially in the developing world.
Even without the monetary aspect of it coming into play, market forces of some kind also operate in the fansub world. There is fierce competition between not just different producers, but even among different individual translations, with their varying qualities in timing, translation, when they were first available after the original show was broadcasted, etc. They even adopt practices that the official subtitling industry still has not incorporated, like giving proper credit to the individual workers in each project. This is not just good for the consumer (that can identify the differences between good and bad translators), but in the long term for the whole fansub ecosystem. It’s not like they have to invent giving credit to their workers, books have that as standard procedure since Latin translations of the Greek classics started to appear.
The usual way to look at things is just to attribute the success of unofficial subtitles and adaptations to the fact that they are free. But once you familiarise yourself with the dynamics of it, factors like how soon these translations are available and how good they are at what they do (adapting the media following the subtitling constrains) start to show how they are competing with official translations in other areas as well. Reliable fansub producers have loyal customers and high quality standards, and are able to acquire those because they have adopted practices that are lacking in their official counterparts.

quinta-feira

Importante mesmo é saber julgar bem as distâncias. Conhece-te a ti mesmo deveria ser usado não como uma ferramenta de evolução pessoal e aceitação de si, mas principalmente pra saber direitinho as partes que não se deve mostrar aos outros. Se conhecer é metade do trabalho. Estimar as distâncias entre os outros e as partes que não prestam de si é que é complicado.

sexta-feira

Manual da visita menos incômoda


A melhor coisa do mundo é passar tempo junto das pessoas que se ama. É impossível ser feliz sozinho. Amigo é coisa pra se guardar. Blablabla.
A medida que as pessoas vão envelhecendo e mudando pras próprias casas, nem sempre o sonho burguês brasileiro de ter um lar com múltiplos quartos e empregada doméstica se materializa imediatamente. Tem gente inclusive que precisa trabalhar todo dia, e eu não estou falando de bater ponto na repartição ou descolar um freela que vai dar dinheiro pra beber e viajar, estou falando de conseguir dinheiro com o próprio suor para pagar contas. Não conta de celular, gasolina do carro da mãe ou loucuras do cartão de crédito, estou falando de conta de eletricidade, aluguel, IPTU, essas coisas que gente grande faz. Tudo isso só pra poder desfrutar de uma coisa que (quase) todo mundo sempre teve, um lugar pra morar.
Que idiotice, exclama o leitor, quem seria idiota o suficiente de passar 40 horas semanais trancado num escritório só pra poder morar num lugar pior do que a casa da própria mãe? Sim leitor, dizem que se trata de uma sandice digna de um capítulo no Erasmo ou no DSM IV, mas na verdade é um costume ancestral que ainda pulsa nas veias de alguns poucos, tipo aqueles peixes que sobem corredeiras só pra poder trepar em paz. Mas isso é outro assunto. Aqui vamos tratar de introduzir alguns princípios básicos pro leitor amigo saber como se comportar nos (pequenos) domicílios dessa estranha raça de seres humanos que decidiu sair da casa dos pais.
Mas porque diabos eu preciso de um manual pra me “comportar” na casa dos meus próprios amigos? Eles gostam de mim do jeito que eu sou! Sim, claro que seus amigos (e isso vale pra parentes também) gostam de você, mas veja bem, seus amigos nunca moraram contigo. Ao longo da sua estadia na (minúscula) casa dos seus camaradas você vai inclusive descobrir que eles são ligeiramente diferentes do que costumam ser no fim de semana, na mesa do bar, e se tem tempo que vocês não se vêem, você provavelmente vai descobrir que eles são diferentes do que eram na hora do recreio. Isso não quer dizer que eles não gostem mais de você (pode ser o caso), mas que esse novo contexto pede certas... regrinhas que você talvez desconheça. Para saber mais, continue lendo.
Aqui em casa eu faço as coisas que eu quero na hora que eu quero e minha mamãe nunca reclamou! Então leitor, esse manual é justamente pra você que tem pais que te amam tanto, mas tanto, que esqueceram que o resto do mundo não te ama incondicionalmente e não te avisaram. Essas regrinhas são parte de um conjunto muito maior chamado educação (também conhecido como bons modos, maneiras, etiqueta, respeito, etc) que as vezes os pais não ensinam porque não tiveram tempo. E como sua empregada só recebia um salário mínimo e nunca teve carteira assinada, ela também não se deu ao trabalho. Educar é difícil, pode perguntar pra qualquer professor.
Mas se é tudo tão complicado assim na casa dos outros, porque eu iria sair do conforto do meu lar pra ir na casa desses chatos? E eu que sei leitor? Cada caso é um caso. No meu caso é muito simples. Eu moro em Londres, mas vivi o todo o resto da minha vida em Brasília. Isso significa que a maioria dos meus amigos ainda mora com os pais. E que quem tem trabalho geralmente trabalha no governo. Ou seja, gente que não sabe o que é pagar conta nem trabalhar. Amo tod@s. Porém, uma parcela considerável acabou tendo muita sorte nessa encarnação e nasceu com pais amorosos demais. Isso, como dito acima, é um problema quando se quer visitar os amigos não-concursados-públicos sem empregada doméstica e sem múltiplos dormitórios em seus (pequeninos) lares.
Sem mais delongas, vamos começar.
1.       A louça
Sempre que você vai passar muito tempo na casa de alguém o seu melhor amigo é a louça. A maneira mais fácil de minimizar os pequenos incômodos (ou grandes, mas sejam eles pequenos ou grandes, sempre serão vários) é lavar a louça suja. Por que a louça? Muito simples caro leitor. Todo mundo tem louça. Se seu amigo vive tão alternativamente a ponto de não precisar de copos e pratos, substitua “lave a louça” por “desça as caixas de pizza e latas de cerveja pro container de lixo da rua”. Mas via de regra seus hospedeiros (quebrados) entenderam que cozinhar em casa é mais barato do que comer todo dia na rua, e isso dá ao hóspede educado (e você) a chance de mostrar o quanto está agradecido por não estar pagando hotel. Lave toda a louça que você puder.  Insista em lavar a louça (seus amigos só negaram na primeira vez que você ofereceu porque eles são educados, esse doce é uma coisa comum entre gente educada). E se não te deixarem lavar a louça, lave a louça quando ninguém estiver olhando. Lave a maldita louça, porra!
Aqui cabem algumas observações sobre o que se entende por lavar a louça. Alguns hóspedes possuem um entendimento incompleto do que realmente quer dizer essa frasezinha tão simples. Por exemplo, lavar todos os copos que estavam na pia é um bom começo, mas se o resto da cozinha estiver soterrado em copos cheios de bituca de cigarro, isso dificilmente impressionará seus hospedeiros. Use suas incríveis habilidades de caçador-coletor e colete pratos sujos esquecidos na frente do computador. Aquela faca que caiu atrás do sofá. A caneca de café que ficou na janela. Faça um esforço, você consegue.
Igualmente digno de nota é o estranho comportamento que algumas visitas tem de lavar pratos e panelas até o limite da capacidade do escorredor de louça, como se o objetivo da empreitada fosse encher o escorredor de copos limpos, e não lavar os pratos sujos. Isso ainda é agravado pela frequente inabilidade da visita de organizar a prataria de modo a maximizar o espaço no mencionado escorredor. Novidade pra ti camarada, você não está enganando ninguém. Dê uma utilidade para todas aquelas horas de tétris que você jogou  e empilhe os copos, encaixe os pratos, enfileire as tampas de panelas, seja criativo até você começar a quebrar taças. E olha que mesmo isso vai ser visto com bons olhos, afinal você estava tão empenhado em ajudar que acabou quebrando um copinho. Errar é humano e tal. Dica de profissionais: aprenda onde se guardam os pratos, panelas, talheres, etc. Mais impressionante do que chegar em casa e ver que sua visita lavou a louça é ver que nego lavou e guardou a louça.
Mas não pode só lavar os pratos que eu sujei? Eu não vim aqui pra ficar trabalhando de empregada, por que eu tenho que ficar lavando caneca que não tem nada a ver comigo? Leitor, não é que o que você disse faz sentido? Você não sujou o copo, então não tem que lavar né? Sabe outra coisa que você não fez leitor? Você não pagou aluguel nem conta de luz... o que você está fazendo dormindo aqui leitor? Ah, você está visitando porque gosta do seu amigo né? Então, lave um pouquinho de louça que não vai gastar mais do que meia horinha do seu dia de férias, e ainda vai dar a impressão que você é uma pessoa que se importa com seu amigo, e não um cretino que tá aqui só pra economizar o dinheiro do albergue. Quem sabe no fim da sua estadia quando seu amigo falar pra você voltar logo ele esteja sendo honesto, e não só exercitando a educação que você não sabe nem reconhecer.
A seguir: ninjutsu, ou a arte de deixar suas tralhas invisíveis. Aguarde

Tao

Tao

quinta-feira