quinta-feira

iconoclastia

To baixando Beatles em mono. Sempre achei idiota ter que ouvir a versão estéreo vagabunda (com batera e vocal de um lado e o resto do outro), finalmente remasterizaram essa porra. Com sorte ficou bom que nem o vinil. Por enquanto, um pouco de humor britânico pra vocês.

sexta-feira

em defesa do racismo brasileiro: hipertexto

Critérios de cotas na UnB. Um exemplo de institucionalização do racismo que o rbr não permite. A estranha reação anti-debate que existe na Inglaterra. A estranha reação anti-debate que existe em alguns pedaços do Brasil (acadêmico, que é bem pequenininho). A institucionalização cheia de boas intenções. E as maneiras de se interpretar os dados. E por último, continuo dizendo que cotas podem ser bem utilizadas como um paliativo interessante e gerador de debate. Ou simplesmente desinformação. Mais sobre isso depois.

quinta-feira

simulação

Uma das grandes inovações da revolução cognitiva na psicologia foi a inserção de metodologias cada vez mais adequadas ao estudo da mente. Se antes o máximo que se fazia era descrever as impressões (de sujeitos -quase sempre estudantes universitários ou pacientes clínicos) ou modelar o comportamento de ratos e pombos, não é de se estranhar que existissem sérias limitações no quanto podia se entender da mente.
Uma das idéias mais produtivas dessa época foi a de que uma das maneiras de se entender como um organismo resolve um determinado problema é "construir" algo capaz de resolver o mesmo problema. Construir um coração artificial é bem difícil sem entender que o coração funciona como uma bomba de sangue, pode-se descreve-lo de várias maneiras diferentes, mas é inegável que a idéia que sirva não só pra descrever a coisa, mas que de fato resulte na possibilidade da manufatura de algo que execute a mesma função, aproxima-se mais de como a coisa funciona em si.
Imagine uma descrição de um joelho que quando construida não dobre? Ou uma descrição ricamente detalhada que seja impossível de se construir? Ou de ao menos simular? Com certeza falta algo em meio a toda essa riqueza de detalhes. Se o general é incapaz de ajustar a maquete com os bonequinhos nas posições correspondentes às tropas durante a batalha, é duvidoso que ele saiba do que está falando, e a mesma coisa se pode falar do mecânico que discursa longamente sobre o problema do motor, mas que não sabe o que fazer pra consertar.
Eu consigo inventar várias maneiras diferentes de descrever o meu computador, de descrever um programa de jogo de xadrez (no qual, aliás, eu sempre perco pra máquina...), mas não tenho nem idéia de como construir algo que execute as mesmas funções. E esses são exemplos que não falam de nenhum mistério da natureza, são coisas feitas por pessoas como eu e você. O que dizer de complicações como que o cérebro faz, ou o preconceito gera?

segunda-feira

restless dreams iv









Staff room, O'Neill's -onde eu trabalhava.

panelinha


Minoru Yamasaki, the american-japanese architect of the 1973 Twin Towers, was favoured by the Saudi Arabian royal family. He designed three Saudi airports. Osama Bin Laden, Al-Qaeda's mastermind, worked as a business manager in his father's vast Saudi Arabian construction company involved in Yamasaki's contracts. Mohamed Atta, leader of the September 11th kamikaze, was a german-trained graduate in architecture and urban planning.

quinta-feira

políticas públicas de quando eu dominar o mundo


Rápido pensamento sobre planejamento familiar: vasectomia obrigatória em todos os homens aos treze anos e vasovasostomia (como é chamada a cirurgia de reversão) opcional após os 18. Prevejo um ligeiro aumento epidemológico de DSTs (inicialmente, com queda em seguida), uma queda dramática em gravidez indesejada e (logo) riscos de saúde associados aos abortos ilegais, e talvez a questão mais importante, uma diminuição da evasão escolar.

terça-feira

generalização

Generalizar é uma das funções cognitivas mais importantes e adaptativas. Um caçador que nunca fizesse generalizações morreria de fome (como posso saber se esses rastros são de capivara? todos os rastros são únicos e distintos!). Uma criança que nunca fizesse generalizações teria muito mais chances de se ferir (como posso saber se essa tomada tem as mesmas características daquela que mamãe falou pra não meter o dedo? -e o mesmo pra fogo, facas, alturas, estranhos, predadores, etc).
Uma mente generalizante sem dúvida trás mais vantagens ao organismo do que uma mente preocupada em valorizar as particularidades do mundo. Um sistema que encaixasse as coisas do mundo em grupos baseados em algumas poucas carácterísticas (vaca tem chifres, quatro patas, dá leite) é muito mais leve do que um que constantemente individualisasse os elementos do mundo (mimosa tem chifres, quatro patas e dá leite; malhada tem chifres, quatro patas e dá leite; estrela tem chifres, etc), e muito mais rápido, apresentando ainda uma grande vantagem: se o sistema "vê" uma coisa com chifres e quatro patas, nem precisa se dar ao trabalho de ordenhar a coisa ele mesmo, o sistema já infere que essa coisa dá leite.
Lógico, generalizar as vezes leva a erros e não constrói uma imagem perfeita do mundo. Mas a seleção natural não tem nada a ver com ver o mundo como ele é, e os erros que o as generalizações causam (o lobo guará tem caninos afiados, come pequenas presas e tem quatro patas -logo é deve ser evitado como a onça) são menos fatais do que a fatalidade que é conferir uma por uma se as onças são perigosas. A estratégia generalizante não precisa ser perfeita, só precisa ser melhor do que a alternativa. (como a piada dos dois caras que passeando na floresta encontram um urso. um deles começa a correr, e o outro fala "você não sabe que é impossível correr mais rápido que um urso?" e o outro responde: "sei, mas eu só preciso correr mais rápido do que você").

Memética


Memes são pedaços de informação (palavras, artefatos, comportamentos, idéias) que se propagam pelo mundo cultural . Eles competem por recursos
(porque as coisas que tem nome não podem ter infinitos sinônimos, porque os requesitos pra fazer coisas são finitos, porque o tempo dos indivíduos é finito, e porque a memória dos indivíduos é finita). Memes se propagam por imitação (os comportamentos, as palavras, as idéias), produção material (como os artefatos, as idéias materializadas em coisas -tipo livros), e instrução (as linguas, os comportamentos, as idéias, as maneiras de fazer coisas). A propagação dos memes não é perfeita, e as vezes surgem cópias com erros de reprodução (mutação). Alguns desses erros vão dificultar a propagação do meme mutante, outros vão facilita-la. As variações que se propagarem mais eficazmente acabam substituindo as menos eficazes, e os erros de cópia vão se acumulando até darem origem a linhagens completamente diferentes de agrupamentos de memes. Competição-reprodução-mutação. Essa é a receita da seleção natural. Não só organismos vivos (feitos de genes) sofrem o mesmo processo, qualquer coisa que obedeça as três condições tem o mesmo destino.

em defesa do racismo brasileiro 1.5

Mas por que escrever sobre isso? Qual o súbito interesse sobre o racismo brasileiro?
Morando em Londres a um ano, encontrei vários brasileiros por aqui (principalmente nos diversos trabalhos, desde os tempos da garçonagem), e muito me assustou o racismo explícito no discurso desses indivíduos. O que quer que seja que ative os elementos "disfarçantes" do rbr no Brasil não parece funcionar nas pessoas aqui. Não é um simples caso de adoção do racismo típico londrino: os europeus, chineses, indianos, latinos que eu encontro aqui não são tão pejorativos e explícitos quanto os brasileiros em suas categorizações raciais (e não é por falta de oportunidades, eu pergunto essas coisas).
De repente não se apresentam mais a categorização racial (negro, preto) como um tabu mascarado por questões de classe social (como no Brasil), mas sim generalizações pejorativas sem nenhuma maquiágem. Se alguém for grosseiro no ônibus, geralmente é negro; se o bairro é de negros, é perigoso; se alguém está fedendo, geralmente não é o branco. (já ouvi barbaridades que fariam os gaúchos mais nazistas corarem, coisas do tipo "são uns selvagens que viviam em florestas").
Londres é o lugar mais interessante pra se ver o mecanismo racista funcionando porque é (provavelmente) a cidade mais multicultural do planeta. Aqui se trava contato cotidiano com pessoas de todos os continentes, e quase todos os lugares públicos são permanentemente decorados com uma fauna que parece aquelas propagandas politicamente corretas (que sempre tem brancos, negros, asiáticos, indianos, árabes, etc), parece de mentira.
Aqui rapidamente se aprende que só porque o indivíduo é branco não quer dizer que ele seja europeu, e só porque ele é da europa oriental não quer dizer que seja polonês. Ninguém diz que a menina deve ser chinesa por causa dos olhos puchados -poderia ofendê-la se ela for japonesa, coreana, mongól, vietnamita, etc. Mesmo quando se ouve alguém falando espanhol não é seguro chutar que se trata de um espanhol, porque mesmo que seja o caso, o sujeito frequentemente se identifica como catalão, galiciano, valenciano, etc. Italianos do sul e do norte frequentemente não se misturam, e aí de você se perguntar se a iraniana fala árabe (eles falam farsi).
O peculiar é que toda essa variedade e o consequente protocolo pra lidar educadamente com ela aparentemente não se aplica ao sujeito que tiver feições mais negras. Apesar da mesma variedade cultural se aplicar aos londrinos pretos (do egito à africa do sul, da nigéria à somália, incluindo o caribe) que populam a inglaterra desde o século xvi, no discurso dos brasileiros o preto que furou a fila não é jamaicano, não é marroquino, é só preto mesmo.

segunda-feira

em defesa do racismo brasileiro 1.4

O final da história bem sucedida de uma política afirmativa (como cotas raciais) é a contradição que mete medo em tanta gente: se depois que os indicadores sociais se igualarem (o que quer que isso signifique -renda, diplomas, senadores, número de eletrodomésticos, expectativa de vida, etc) entre os grupos diferênciados (negros auto-declarados, fotos julgadas pelo cespe, histórico familiar, se o pente engancha no cabelo, etc) ainda vai existir uma divisão racial -a da própria política de cotas.
Claro, isso se resolve fácil, é só botar um prazo pra terminar a política de cotas, ou melhor ainda, deixar claro que metas (de novo, o que quer que isso signifique) se quer atingir, e estipular que uma vez atingidas a legislação se anule.
Mas como disse uma vez Milton Santos, no Brasil ninguém quer ser cidadão, queremos é privilégios. Ser cidadão é ser igual a todos, e num país de fudidos, a moral sempre foi ficar por cima da carne seca. Ninguém quer compartilhar as mesmas regras, o jeitinho e as relações privilegiadas (de sangue, camaradagem, etc) são a expressão maior da falta de apego aos valores de igualdade, e não é de se estranhar que movimentos pra se obter concessões da lei pra uns indivíduos seja visto com suspeita por outros: nunca vi nenhuma proposta de cotas (raciais, sociais, de deficientes físicos, de gênero, etc) com metas definidas. O objetivo (político) nunca é resolver um problema, é ganhar um privilégio.
O que não quer dizer que (as cotas) não sejam uma possível solução pro problema -diversas ações políticas são boas a despeito das intenções de seus autores (fulano só construiu a escola pra ganhar votos, por exemplo). Mas é importante ter em mente que isso não passa de uma ação política (e não uma coisa certa, ou justa, em si). O movimento organizado por cotas raciais não está nem aí pro preconceito contra homossexuais, não se importa nem um pouco com os nordestinos (que a classe média paulistana as vezes se refere como se fossem uma espécie leprosa de sub-humanos muito mais negros que o nanquim), o mesmo pra imigrantes bolivianos ilegais, cadeirantes, etc.
Não se trata de uma questão de justiça, trata-se de um privilégio político pra compensar um preconceito social específico do interesse do movimento. Esperar de um sujeito político (o movimento pró cotas raciais, por exemplo) mais do que isso é como esperar que um senador exija verbas proporcionais pra todos os estados da federação, ao invés de lutar por mais pros seus eleitores (que com certeza estariam sendo injustiçados se não tivessem um pouquinho mais).

em defesa do racismo brasileiro 1.3

Mas se no racismo brasileiro existem esses mecanismos "limitantes" isso não significa que o preconceito racial não produza a divisão social que existe. Se é difícil falar em quem é preto ou branco no Brasil, não é difícil falar que a elite é mais branca do que o povão, que os universitários são mais brancos que os analfabetos, que os políticos são mais brancos do que a população carcerária.
A hipótese de que o rbr não permite o discurso ainda o deixa livre pra agir por meio de indivíduos, como os empregadores que decidem quem vai conseguir as vagas ofertadas, como os professores (que têm em suas expectativas uma influência dramática na educação dos alunos), como os eleitores na hora de votar secretamente num candidato. Gostaria que não fosse preciso mencionar os policiais e seus critérios de tratamento, mas é o exemplo mais patente de como o racismo, mesmo sem estar escrito em lei nenhuma, é dramático nos efeitos que tem na população menos branca.
Fazendo as contas, esses exemplos simplórios já dão um sisteminha perverso de exclusão social, afinal indivíduos em um grupo que é menos educado, menos contratado, mais policiado e menos eleito tem muito menos chance do que alguém menos preto teria nas mesmas situações.
É aí que entrariam as políticas de cotas. A idéia é de reconhecer esse preconceito informal e contrabalancea-lo com "incentivos" institucionais voltados aos menos brancos. Tratar todos como iguais, sendo que eles são desiguais situacionalmente (por conta de contigências do mundo, não por serem desiguais em si), é idiota como tratar enfermos em uma sala de emergência por ordem alfabética, e não por gravidade do problema.
Existe uma diferença entre a admissão de que pessoas chave são racistas (como policiais, professores, empregadores, etc) e que isso pode ser balanceado com uma política de cotas pra indivíduos do grupo discriminado, e a idéia de que os integrantes de um grupo foram discriminados no passado (e escravisados, e humilhados, e chacinados, etc) e que isso pode ser corrigido "compensando" indivíduos que se dizem herdeiros desse grupo hoje. A segunda idéia é estapafúrdia porque pressupõe uma união entre todos os beneficiários da ação afirmativa (cotas universitárias pra negros, por exemplo), formando uma "coisa" que pudesse ser compensada hoje pelas ações que essa mesma coisa sofreu ontem. Além de não fazer sentido, esse modo de ver o mundo permite ingenuidades do tipo "barack obama ganhou o nobel da paz, isso é uma vitória pros negros do mundo". É, muda muito o cotidiano do preto tomando um baculejo na periferia.
Na verdade, nem as cotas raciais universitárias mudam nada pra esse cara do baculejo, as cotas vão aumentar a chance de um pequeno número de indivíduos (que se dizem pertencentes a esse grupo) de obter um canudo que aumenta a chance de serem contratados em algum emprego que pague mais. A idéia é que (na melhor das hipóteses) com o tempo esses indivíduos e seus descendentes (contanto que continuem a ser percebidos como "menos brancos" ou discriminados) ocupem mais posições chave (de professor, político, empregador, etc), e que suas histórias de sucesso minem as concepções preconceituosas dos racistas (brancos e pretos), acabando com a idéia de diferença racial (que no entanto continuaria a existir no papel de lei das cotas).

em defesa do racismo brasileiro 1.2

Mas por que defender o tipo brasileiro de racismo? Não seria ele mais ardiloso de se combater (uma vez que é tão adaptado pra evitar ser enfrentado?) do que o explícito racismo no norte? Na verdade eu não sei se o rbr é mais ou menos forte (ou presente, ou resistente, ou vencível) do que o racismo admitido do norte, mas eu sei que ele é muito mais limitado nas tragédias que pode causar, e eu vejo isso como uma grande vantagem.
As adaptações do rbr (auto-invisibilidade, tabu, etc) tem como um dos efeitos limitar o quanto se pode produzir discursos racistas. Os atos racistas derivados do rbr são sempre limitados em escala, porque tem que ser atos individuais, a falta de articulação explícita impede a articulação das ações racistas coletivas. Grupos explicitamente racistas (ou políticas, ou movimentos, etc) tem muita dificuldade de se estruturar justamente pela dificuldade em organizar o discurso racista.
O apartheid sul-africano (ou o israelense) e o holocausto nazista, por exemplo, não são permitidos pela estrutura do rbr, porque esse impede que líderes e legisladores institucionalisem práticas racistas. Não se pode ter um partido político anti-negro (ou pró-branco, ou algo parecido) porque o racista brasileiro clássico tem como característica inicial negar a existência da diferença racial. O que dificulta o combate ao rbr são as mesmas propriedades que limitam a sua escala.

domingo

em defesa do racismo brasileiro 1.1

Mas o ponto é a diferença entre o modelo do norte (de institucionalizar a raça com políticas públicas, etc), e o racismo brasileiro.
O racismo brasileiro tem (além da falácia de atribuir ao indivíduo as características do grupo -que toda discriminação tem) três pontos muito particulares associados a ele (tão associados que vale a pena chama-los de memes constituidores do complexo de memes -memeplex- que é o racismo brasileiro -rbr). São eles:

1. não existe racismo no brasil. Essa é com certeza uma das mais distintas características do rbr, existe toda uma mitologia apoiando a idéia de que ele não existe. Três provas são frequentemente usadas pra apoiar essa idéia:
1a. todo mundo trepa com todo mundo (e a micigenação consequente),
1b. existem negros ricos/importantes (que ninguém discrimina, tipo o Pelé)
1c. existem brancos fudidos também
(essas duas últimas "provas" são usadas pra embasar a segunda grande característica do rbr)

2. o preconceito no Brasil não é de raça, é econômico/social. O que umas pessoas complementam com
2a. é um absurdo e tem que acabar; ou
2b. o mundo é assim mesmo; o que alguns poucos ainda emendam com o racismo clássico, dizendo que os pretos são pobres porque são pretos (o racismo fora do armário).

3.falar sobre racismo é falta de educação. O que pode ser complementado por
3a. falar sobre racismo é ser racista: porque requer generalizações grupais, como o próprio racismo (esses racistas são isso e isso; os negros não são assim, são assado; etc)
3b. viola a primeira regra (1): o que implica que alguém tem que ser racista (e entra no velho problema de que brasileiro é sempre o outro).

O rbr como memeplex apresenta mecanismos de sobrevivência muito interessantes: ele se torna escorregadio às idéias que poderiam mina-lo ou substituí-lo, primeiro negando a própria existência, depois desviando o assunto, e por último impondo um tabu social sobre sua discussão. Não é a coisa mais original do mundo, diversos dogmas religiosos (os "mistérios" cristãos, por exemplo) impõem tabus sobre as tentativas de examina-los, e não é a tôa que essa seja uma estratégia comum entre os memes: trata-se do que o filósofo Daniel Dannett chama de "good trick", uma solução ótima pra um determinado problema (como os olhos -pra perceber o mundo- que evoluiram paralelamente em diversas espécies).

em defesa do racismo brasileiro

Muito já se disse da diferença entre o modelo racista brasileiro e o do norte -eua e europa (embora as coisas sejam provavelmente piores nas ex repúblicas soviéticas e no japão -o melhor exemplo pré expansão no pacífico sendo o povo Ainu).
A visão popular diz que aqui (no norte) existe uma admissão institucional do problema e soluções institucionais são postas em ação (cotas, bolsas, benefícios e legislação).
O problema é que qualquer ação institucional (pelo governo, por exemplo) sofre o risco de incorrer na estrutura racista de pensar as pessoas que
1. implica na falácia de atribuir a indivíduos as características associadas ao grupo (fulano deve ser malandro porque é carioca, e todo carioca é malandro); e
2. implica na idéia de que os integrantes dos grupos (preto, viado, bahiano, etc) agem sempre em benefício do próprio grupo, formando uma espécie de "organismo social".
O problema 1 é só uma questão lógica no formato "alguns homens são mortais; sócrates é um homem; logo sócrates é mortal" o que é um tipo de erro de inferência -a confusão entre "alguns" e "todos", ou pode ser um erro de indução mesmo, aquele velho conhecido.
O problema 2 é mais idiota ainda, mas como ele ainda é ensinado em muitos cursos de humanas (e pregado em igrejas, patriotismos e derivados) ele não é muito famoso como um erro. Existem diferenças entre o que alguns sociólogos (e antropólogos, e historiadores, e todos marxistas, e tod@s @s feministas, etc) falam (que supostamente é uma descrição do mundo), e do que é pregado pelo Estado e pelas religiões (que é um comando moral). O que é "errado" é a idéia de que isso é verdade no mundo que existe, a moral é outra história.
E por que é errado? Porque as pessoas simplesmente não são assim. Você não aceitaria se eu dissesse não te devo nada porque paguei os 10 paus que tu me emprestou prum outro homem também (afinal vocês são todos homens). Ou que você tem que me desculpar porque já pedi perdão pro outro brasileiro (porque vocês são todos brasileiros mesmo). Ou se eu prendesse um outro flamenguista pelo assalto do qual você foi vítima (afinal, são tudo urubu). Sim, esse é um dos argumentos das cotas racias, e ele é ofensivamente estúpido, mas felizmente ele não é o único argumento.

terça-feira

os nomes escrotos: o último dos machos

-Boa tarde, a senhora Fulana de tal se encontra?
-Quem que quer falar com ela?
-Meu nome é Pedro Barahona e falo em nome da C@rgl@ss. A senhora Fulana se encontra?
-Sou o Marido dela, pode falar.
-Eu compreendo senhor, mas como Fulana de tal é o nome que nos foi indicado, tenho que falar com essa pessoa primeiro.
-Mas quer falar o que com ela?
-É uma pesquisa de satisfação senhor.
-Ela já tá satisfeita muito obrigado.
(e desliga o telefone).

restless dreams iii





Joel-Peter Witkin, mais um bizarrinho pra coleção.

sábado

inside london vi

Folheando entre as páginas de uma velha bíblia no British Museum encontro um trecho estranho, perto do Genesis:
"-Venho desarmado, disse o homem, e quero conhece-la, falou usando as palavras da época.
-Se estás desarmado, perguntou a mulher, o que há nesse ventre roto que nunca cria nada?
Ao que o homem baixou a cabeça e se foi."
Numa prateleira mais baixa encontrei outra edição dessa Bíblia, que tinha uma versão na qual o homem era Abel e respondia:
"-Raiva, respondeu o homem, o que com o tempo logo aprenderás a gostar.
E ao chegar em casa bufando Abel se deparou com seu irmão e avançou nele. Caim então se defendeu matando seu irmão sem querer. Enquanto enterrava o corpo ascendendo os incenços como mandava O Senhor, perguntou a Yaveh o porquê disso tudo. Não teve resposta, mas desde então irmãos não puderam conhecer a mesma mulher, o que antes não incomodava ao criador."
Estranho.