domingo

os melhores livros jamais escritos! 7.1


Guia compreensivo da geografia das grandes cidades européias, vol.2
O segundo volume da clássica série retorna, dessa vez com ênfase no leste do semi-continente.
Fotos ilustram cicatrizes arquitetônicas deixadas pelo imperialismo russo (também conhecido por comunismo por quem não é do leste europeu).
Acima uma tentativa de sovietizar (ou fazer parecer com o Cruzeiro, pra quem é de Brasília) as redondezas da Basílica em Budapeste.

os melhores livros jamais escritos! 7

Guia compreensivo da geografia das grandes cidades européias.
Berlim é a maior cidade turca do mundo. Londres é a nova Jerusalem. E todo italiano do norte sabe que a Africa começa em Roma.

inside london xi

Fim de semana cheio de coisas pra fazer por aqui. Visita do membro da juventude nazista mais famoso do mundo. Ironicamente também é o Yom Kippur, o dia em que moises ganhou as tabas do arbusto pegando fogo (o que dizendo dessa forma realmente sôa muito maconheiro), embora mais importante que isso (demograficamente) foi o fim do Ramadan sexta passada.
...
Com todas essas sensacionais manifestações de tudo o que existe de errado no ocidente é claro que eu só saí de casa pra ir no festival de cultura japonesa.



onde pude ver sensacionais demonstrações de karate!


karaoke!


e cosplay!

Além de muito rango típico barato (evidentemente servido por chineses, porque eu nunca conheci nenhum japonês na garçonagem londrina, uma vez conheci um doidão em asterdan que foi deportado de israel e disse que trabalhava na lavoura, mas acho que isso não conta).
Tudo isso devidamente acompanhado por uma bróder japonesa (que estava reclamando que não tinha nenhum japonês de verdade vendendo comida), que fez o favor de confirmar que os caras no karaoke estavam mandando mal. Eu não sabia se eles eram ruins mesmo, ou se pior ainda, estavam cantando direitinho. J-pop é lixo, caso o leitor não saiba.

dos rótulos 2



As palavras podem ser usadas de modo a comunicar alguma coisa, verdadeira ou não. Umberto Eco, tentando uma definição do que seria a semiótica, disse que era uma tentativa de estudar qualquer coisa que pudesse ser usada para mentir. O signo (que pra evitar complicações aqui significa simplesmente): algo que está para alguma outra coisa, que re-presenta algo (ou apresenta de novo, na ausência da coisa primeira -da coisa em si).
Essa definição (que nada mais é do que uma tentativa de explicitar o que intuitivamente todo mundo pensa) tem uma implicação banal que as vezes choca as mentes educadas demais: se existe representação é porque ela faz referência a algo que não é representação, a algo que a despeito de qualquer mecanismo significativo (linguagem, arte, ideologia, etc) existe independentemente da percepção, existe em si (e isso é um jeito extremamente infeliz -porque complicado- de dizer o que todo mundo sabe, que existe uma distinção entre o que é verdadeiro e o que é falso no mundo).
A visão oposta a essa, que defende a impossibilidade de afirmar a distinção entre orações verdadeiras ou falsas, é uma idéia verbalizada (porque ninguém nunca vive as consequências práticas do que essa visão implicaria) por um tipo específico de sofista que é particularmente hábil na incapacidade de ser claro quando fala.
Estratagema clássica dessa incapacidade de ser claro é quando algum gênio escreve que "não existe verdade". Bonito né? Profundo que só a porra. Uma pena que não passa de um erro de linguagem (uma oração sintaticamente correta com a semântica sem sentido). Pense no exemplo bem parecido "não existe altura".
O que é a altura? Onde está a altura? Alguém já viu a altura? Quem são os ingênuos (quase religiosos, diriam os hiperbólicos) que ainda se apegam a falar sobre "pessoas mais altas do que outras", ou montanhas "altas"? Eles não sabem que altura é um conceito superado pela engenhosidade artística das quebras do ideal positivista do século XIX? Você considera alguém com 1,80 de altura alto e eu não (porque pra mim alto tem que ter 2,12), viu? a nossa discordância em um critério único de "quem é alto" é prova da arbitrariedade e consequente inexistência da idéia de "pessoa alta".
Claro, o iluminado nunca vai dar exemplos claros que mostrem a obviedade do erro de negar a existência de um adjetivo (porque é isso, e nada mais do que isso, que "verdade" significa -igualzinho altura). Pode-se discordar a vontade do que se chamaria de "pessoa alta", no entanto alguém que tem 2,12 é sem dúvida mais "alto" do que outro com 1,80. A idéia de que eu estou escrevendo isso em um computador em casa pode bem ser uma mentira, mas é indubitavelmente mais plausível (que obedece condições para ser verdadeiro) do que uma série de alternativas, como 1.eu psicografei esse texto (que no entanto é mais plausível do que); 2.eu psicografei esse texto recebendo um espírito iluminado de um anjo marciano que veio avisar do ragnarok em 2012.
Lógico que não existe a Verdade, do mesmo modo que não existe a Altura. Existem frases verdadeiras em oposição a falsas. E nada melhor do que a facilidade com que todo mundo duvida das mentiras pra se lembrar disso.
O quadro acima se chama "o tempo salvando a verdade da mentira e da inveja" completado um dia antes do suicidio do seu autor, o pintor François Lemoyne (1688 – 4 julho de 1737). O quadro pode ser visto igualzinho o sofista gosta, a verdade como uma galega que sempre precisa que alguém a resgate, ou como um lembrete aos que prestam atenção na história e sabem que os critérios pra diferenciar verdades e mentiras tem uma relação estreita com o tempo, e que sem eles não existe história.

terça-feira

dos rótulos

É preciso definir as palavras como quem ergue uma tenda no meio de uma longa viagem.
A estrutura precisa ser firme, o espaço suficiente, não podem haver vazamentos pra água ou frio entrar. Ao mesmo tempo a tenda deve ser leve e portátil, pronta pra ser desmontada e remontada de acordo com as necessidades da viagem e do terreno.
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Existe uma tensão entre a mente humana -que tem uma memória maleável, cheia de imperfeições informacionais, associações emocionais e julgamentos de valor- e a firmeza das idéias, que sempre "querem" se multiplicar da maneira mais fidedigna possível.
Essa tensão é vital pra se entender os movimentos religiosos ao longo da história (em especial das religiões com textos canônicos, cujos movimentos revolucionários sempre pregam um -paradoxal- "retorno" às idéias originais do texto, do profeta, etc). Na verdade serve pra entender qualquer relação histórica entre grupos de pessoas organizadas em torno de idéias (pra quem é do campo, a psicanálise é meu caso favorito), sejam elas filosofias políticas (e as transformações do que é entendido por república ou democracia -da grécia às revoluções iluministas ao século xx) ou mesmo conceitos que despertam pouco debate hoje, como indivíduo ou país.
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Talvez não seja só um problema das limitações mnemônicas do cérebro humano, mas sim um problema da informação em si.


Ao longo da costa sul da Inglaterra existem várias carcaças militares da segunda guerra. A probabilidade de ainda estarem de pé é inversamente proporcional ao valor estratégico que elas tinham. Nada como ter como guias turísticos um casal de velhinhos que serviram décadas na marinha real.