segunda-feira

o desencanto do mundo iii

Sábado passado eu trabalhei em um jantar de formatura (ou pré formatura, sei lá) da turma de graduação de medicina da Imperial College aqui em Londres. Trezentas pessoas com espumante liberado na entrada, depois three course meal (entrada, prato principal e sobremesa), e depois putaria generalizada com discotecagem e todas as firulas que tem direito. Dessa vez eu só trabalhei até as onze da noite, porque ficar até o final significa ir embora só as oito da manhã. Eu, que fiz nove horas nesse dia, não queria bater nenhum recorde pessoal (porque do povo do hotel o recordista é um argentino, que não fala nem um good morning de inglês, mas que ficou um máximo de 19h de uma só vez), só vi até o começo da gandáia.
Turma de medicina, palco com telão praquelas coisas de formatura, do tipo fotos bregas e outras nem tanto (tiveram coisas bem filme americano, tipo fotos de uns idiotas pagando bunda le-le, nego bêbado, umas minas se beijando, etc) e uma montage musical com pessoas da faculdade cantando e dançando animadamente um hit dos anos noventa. Depois teve um discurso encorajador de um professor, e uns alunos falaram também do valor de continuar mantendo contato, de como eles eram idiotas no começo do curso, e piadas de médico que eu não consegui entender.
Pra mim é uma merda ver essas coisas acadêmicas dessa perspectiva, e me deu a princípio uma coisa ruim de não ter feito faculdade em tão grande estilo. Caralho, aquele professor discursando, contando uma anedota de sua vida na qual um dos personagens era Nelson Mandela, se dirigindo aos alunos pelos nomes, com uma pusta cara de quem realmente corre atrás de talentos jovens e promissores. E os alunos, porra, nego tá formando em medicina, notoriamente difícil de entrar, e é foda sacanear médico, os caras são maior do bem.
Pra coroar tudo isso, eu nem fui na minha própria formatura (nunca- nem na graduação, nem no segundo gráu, nem na oitava série, nada), e da minha colação de grau uma das poucas lembranças é eu passando reto pela mão estendida da diretora do departamento de psicologia. Esse era o quanto eu gostava do clima institucional da unb.

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