segunda-feira

direto do moleskine vi: coices intelectuais


A falácia do economicismo em assumir que sempre se vive na melhor configuração possível do mercado é análoga ao "adaptacionismo" na biologia. Flutuações randômicas, drifting e o efeito qwerty abundam. Sem contar que os gostos, modas e espíritos animais são muito mais complexos como pressão seletiva do que os encontrados na biosfera, porque englobam essa. Relações de poder. Bom e velho Tucídides, avô bastardo do pós-modernismo (por uma interpretação simplista do jovem Nietzsche), e parente legítimo de Machiavel (o defensor mais pragmático e irônico da democracia popular). (essa foi pra você Pedro, também sei citar gregos).
-No entanto, existe uma inércia nos elementos de mercado que inviabilizam as optimizações possíveis em cada cenário específico porque cada momento no tempo herda de seus antecessores certas condições (organizações, tradições, estruturas) que resistem a mudanças, e em alguns casos, especificamente criadas para durar no tempo. A máquina do determinismo histórico, das ruínas que são sempre a base do novo. ex-maquina.
-O capital tem que fluir por esses caminhos engessados, como pulsão pelo aparelho psíquico neurótico, que pra Reich vira a couraça que acaba tranformando, em uma filtragem reversa, orgon em D.O.R. Regularização do mercado como castração do desejo, rodada de Doha como estágio do espelho, Lacan como FMI e suas receitas que não ajudam ninguém.
Revolução como catárse, trabalho como terapia, psicanálise como marxismo early milton santos. é preciso filtrar, com cuidado. e fingir. fingir até não saber mais a diferença, em uma lição do behaviorismo que só funciona porque o behaviorismo está errado. 1984 como auto-ajuda. rizomatizando a Matemática do Desespero, sobre calcular o imposto em cima do salário mínimo inglês com aluguel londrino. pelo menos o vinho francês é bem barato.

4 comentários:

nefisto disse...

algo tipo disciplina militar das vontades e finalidade em tempos de vacas magras?
less is more ;)

Constança disse...

o mestre do Tucidides foi Protágoras, o pai da sofistica. so pra adicionar mais conhecimento na sua citacao de gregos.
bjunda

Daniboy disse...

Handglass, modafoca da goiaba adjacente encantada. Confesso que minha citação de gregos tende a zero.

Decidi começar meu blog de vez!

Piotr disse...

As permanências de estruturas históricas não tedem apenas a impedir ajustes de categorias para que elas se tornem mais adaptadas ao tempo. Muitas das chamadas permanências, foram justamente o que impulsionaram mudanças epistemológicas ou revoluções no conhecimento e nas estruturas científicas [apenas como anedóta, podemos citar o caso de como a crença no éter possibilitou a compreensão da dimensão do espaço-tempo]. A noção mesma de "resistências", "permanências" ou, como diriam os evolucionistas, "sobrevivencias" me parece um tanto equivocada. Todas as idéias são vivas e atuais, todas se modelam aos paradigmas que lhe são impostos e racionalizam os acontecimentos da melhor maneira que a sua estrutura lógica permite. Afinal, se estão junto conosco cronológicamente, não são também nossas contemporaneas? Mesmo que suas bases possam remeter a anos ou séculos, convivemos com essas idéias no presente. E algumas delas podemos certamente lamentar a perda se um dia se foram, pois muito do que hoje é chamado de "novo" não passa de um equívoco da memória.