sábado

inside london IV

O garçon menos burro que eu conheci até agora foi um muleque inglês que abandonou o curso de engenharia quando os pais se divorciaram, e usou o dinheiro da bolsa do governo pra fazer cursos de auto-ajuda com um guru americano. Eu descobri isso tentando conversar com o rapaz, que estava latindo aquele KO de que "as pessoas sempre tem uma escolha", e "querer é poder", e derivados. Eu, insistindo na minha inocência, tentei puxar pra uma discussão palatável, mencionando a desigualdade das relações entre as pessoas, a pobreza e a ignorância como barreiras a esses otimismos, etc. O menino se calou. Quando eu falei que ele iria gostar de ler mais sobre essas discussões todas, o ser humano, o livre arbítrio, as condições, falei de sacanagem da santíssima trindade, Marx Nietzsche Freud. O cara não reconheceu os dois primeiros, e emendou falando que Jung era muito melhor que Freud. Interessado, eu perguntei o porque disso. Ele disse que nunca havia lido nenhum deles, mas que sentia que um era muito melhor do que o outro.
Me senti Robinson Crusoe, obrigado a trabalhar pelo sustento de forma tosca, isolado da razão dos homens, cercado por um mar de letargia.

Um comentário:

Piotr disse...

E aí? Quando você vai preparar de uma vez a nossa invasão nessa terra de bárbaros?