domingo

magica (with cows)

Magica. Transformacao da realidade pelo uso de simbolos. Sem nenhum esforco eu consigo ver que essa definicao (propositalmente apressada) pode ja enquadrar outro fenomeno com uma reputacao um pouco melhor: linguagem. Afinal, o falante transforma (fisicamente) o cerebro do ouvinte usando palavras, que nada mais sao do que simbolos. Coisas que representam coisas que eles nao sao. E quem sabe mude mais ainda a realidade, ordenando alguem a fazer algo, de passar o sal ate declarar guerra, grandes transformacoes sao feitas na realidade usando simbolos. Magica.
Ou entao, telepatia. A habilidade de transferir pensamentos que estao em uma mente para a outra. Isso pra mim tambem pode perfeitamente ser chamado de linguagem. Se nao parece extraordinario, cogite o cenario no qual outros animais, as vacas por exemplo, conseguissem transmitir seus pensamentos de maneira tao precisa e articulada entre si como nos fazemos. Que exercito magnifico dariam esses bovinos de ate 500 quilos, em posicao de negociar um modelo de relacionamento bem diferente do que nos temos hoje. Tradicoes orais de serventia ou revolucao circulariam entre as fazendas, toda uma cultura possibilitada pela transferencia de informacao precisa entre cerebros de touros, bezerros e vacas. A velhice e a consciencia da morte seriam inevitaveis, coletivamente ampliadas, urgindo melhorias no presente ou ideologias de vida apos o abate. Teriamos que inventar maneiras sutis de obter nosso leite, quem sabe provendo os rebanhos com um esporte que valorizasse a serventia, um senso de dever e honra em servir ao bem maior que seu couro possibilita ao ser usado em tambores e jaquetas. Ou medidas paliativas, como delegar a uma elite de touros o funcionamento dos acougues, e o direito do resto das vacas de escolher seus carrascos democraticamente, em eleicoes milionarias cheias de furor sobre a cor dos candidatos. Ou criar divisoes entre as racas bovinas, segregar vacas com base no seu sotaque, criticar seus revolucionarios por nao conjugar direito os verbos, sei la'. Caralho, nao era isso que eu queria ter escrito nesse post, que onda.

2 comentários:

Eduardo Ferreira disse...

certamente um devaneio produtivo. caralho, rola um quadrinho sobre pensamentos bovinos preso ao cérebro e sonhos canibais. muito fera.

Aloprado Plantonista disse...

Então meu chapa, achei os textos extremamente vagos e teoricos, adorei. Sua postura zomba dos moldes humanos e isso eu sempre aplaudo.
Continuarei acompanhado seus textos.
P.s.:De mais vazão a sua veia literaria e escreva alguns contos londrinos pra nós.
Abço