domingo

linguagem

Ao longo dos ultimos anos eu tive uns pedacos de reflexoes adubadas na minha cabeca. A linguagem do sofrimento, dos aflitos que vem procurar ajuda. As contradicoes do cliente que aos poucos revelam o quanto ele precisa se ouvir mais, justamente para ver as limitacoes do proprio discurso, e que os afetos estao alem das palavras, o que paradoxalmente as envolve com toda uma importancia diferente da que tinham antes do processo analitico.
Outro dia uma amiga apareceu em casa chorando os problemas do relacionamento. Caralho que saudade de poder ouvir com calma, com tempo! Que saudade de poder, como eu nao pude nessa ocasiao, deixar o outro se exaurir em discursos que soh tem importancia pelo que tentam esconder, de deixar aos poucos a cortina se levantar para revelar, com imenso prazer, as promessas vazias do magico de oz que sou como terapeuta.
Uma outra metafora: assim como a plateia vendo o ilusionista cujos espelhos e fumaca nao conseguem aplausos, o terapeuta pode ganhar pelo cansaco, arrancando a realidade do cliente justamente por mostrar como suas ilusoes nao tem graca.

Nenhum comentário: