domingo

linguagem III

Mas o ponto que eu quis fazer com o tractatus e' que a conexao das ideias expostas no livro e' incrivel. Com um tratado de logica o autor termina falando sobre os limites da linguagem, e apostando alto em como as questoes que mais importam para as pessoas nao podem nunca ser esclarecidas por meio da linguagem. Um livro suicida, como o autor mesmo sugere, ja que ele mesmo nao segue o seu conselho e fala sobre as coisas infalaveis, mas tem a sagacidade de dizer no final que, seu texto tem que ser usado como uma escada que e' descartada depois de escalada, inutil depois que cumpriu sua funcao.
Essa ideia de conexao entre areas tao dispares, logica e moral, me foi tao impressionante, me ofuscou todas as ideias de juntar fisica com biologia, psicologia com literatura, artes com politica. Pontes maiores e mais ousadas podiam ser erguidas com um rigor inescapavel. Possibilidades imensas de diferentes revelacoes sobre as miopias dos sistemas de saber, dos sistemas operacionais, sobre os sistemas de jogo. A confusao entre as regras que determinam os campos podia ser feita de maneira a se aproveitar fundalmentalmente virtudes e falhas especificas a cada questao, empalidecendo qualquer tentativa anterior de explicar tudo com uma so maneira de ver as coisas.
A proposta marxista de esclarecer tudo pelas relacoes de classe, da psicanalise pelos afetos formadores do sujeito, da economia com seus mercados sem enganos, do pos-modernismo e sua totalidade do discurso relativisado ate o paradoxo... tentativas infantis de morder mais do que conseguem mastigar. A boa teoria tem os seus limtes, o bom romance tem um fim, as coisas terminam pra outras comecarem. A grande sacada sao as pontes que conectam as coisas entre seus vazios, e que conectam, (por que nao?) os vazios entre si.

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