quinta-feira

simulação

Uma das grandes inovações da revolução cognitiva na psicologia foi a inserção de metodologias cada vez mais adequadas ao estudo da mente. Se antes o máximo que se fazia era descrever as impressões (de sujeitos -quase sempre estudantes universitários ou pacientes clínicos) ou modelar o comportamento de ratos e pombos, não é de se estranhar que existissem sérias limitações no quanto podia se entender da mente.
Uma das idéias mais produtivas dessa época foi a de que uma das maneiras de se entender como um organismo resolve um determinado problema é "construir" algo capaz de resolver o mesmo problema. Construir um coração artificial é bem difícil sem entender que o coração funciona como uma bomba de sangue, pode-se descreve-lo de várias maneiras diferentes, mas é inegável que a idéia que sirva não só pra descrever a coisa, mas que de fato resulte na possibilidade da manufatura de algo que execute a mesma função, aproxima-se mais de como a coisa funciona em si.
Imagine uma descrição de um joelho que quando construida não dobre? Ou uma descrição ricamente detalhada que seja impossível de se construir? Ou de ao menos simular? Com certeza falta algo em meio a toda essa riqueza de detalhes. Se o general é incapaz de ajustar a maquete com os bonequinhos nas posições correspondentes às tropas durante a batalha, é duvidoso que ele saiba do que está falando, e a mesma coisa se pode falar do mecânico que discursa longamente sobre o problema do motor, mas que não sabe o que fazer pra consertar.
Eu consigo inventar várias maneiras diferentes de descrever o meu computador, de descrever um programa de jogo de xadrez (no qual, aliás, eu sempre perco pra máquina...), mas não tenho nem idéia de como construir algo que execute as mesmas funções. E esses são exemplos que não falam de nenhum mistério da natureza, são coisas feitas por pessoas como eu e você. O que dizer de complicações como que o cérebro faz, ou o preconceito gera?

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