segunda-feira

em defesa do racismo brasileiro 1.2

Mas por que defender o tipo brasileiro de racismo? Não seria ele mais ardiloso de se combater (uma vez que é tão adaptado pra evitar ser enfrentado?) do que o explícito racismo no norte? Na verdade eu não sei se o rbr é mais ou menos forte (ou presente, ou resistente, ou vencível) do que o racismo admitido do norte, mas eu sei que ele é muito mais limitado nas tragédias que pode causar, e eu vejo isso como uma grande vantagem.
As adaptações do rbr (auto-invisibilidade, tabu, etc) tem como um dos efeitos limitar o quanto se pode produzir discursos racistas. Os atos racistas derivados do rbr são sempre limitados em escala, porque tem que ser atos individuais, a falta de articulação explícita impede a articulação das ações racistas coletivas. Grupos explicitamente racistas (ou políticas, ou movimentos, etc) tem muita dificuldade de se estruturar justamente pela dificuldade em organizar o discurso racista.
O apartheid sul-africano (ou o israelense) e o holocausto nazista, por exemplo, não são permitidos pela estrutura do rbr, porque esse impede que líderes e legisladores institucionalisem práticas racistas. Não se pode ter um partido político anti-negro (ou pró-branco, ou algo parecido) porque o racista brasileiro clássico tem como característica inicial negar a existência da diferença racial. O que dificulta o combate ao rbr são as mesmas propriedades que limitam a sua escala.

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