sexta-feira

direto do moleskine viii

A política no Brasil entrou em sua fase moderna pós-ditadura: armando a esquerda com poder administrativo (que) dissolve o ideal revolucionário. As utopias, mudanças e reformas dão lugar a pura administração do que está aí.
Política deixa de ser embate entre ideologias para ser mera administração da máquina estatal (a diferença entre politic e policy -que estranhamente a wikipédia traduz como "política pública"- adoro a wikipédia). Questões de racionamento de recursos sempre baseados no "possível" porque já foi feito, no conhecido, no consolidado.
A política inglesa é isso puro. Uma das primeiras coisas que se estranha ao emigrar pra essa ilha é que não existe diferença política entre Torys e New Labor. A Inglaterra pós-thatcher e pós-crise financeira tem um concenso silencioso de que o negócio é segurar as pontas. O neo-liberalismo dos anos 80 desarmou a economia real do país, e a crise mostrou que o mercado financeiro só existe enquanto se acredita nele, e infelizmente como é só isso que resta, a cada banco que quebrava os MPs (membros do parlamento) batiam palmas em desespero. Ou seja, os dois partidos são a favor da primazia do setor financeiro (não que eles tenham escolha), os dois partidos não estão nem aí pra educação, os dois partidos são aliados incondicionais de Washington, os dois partidos são a favor de benefícios sociais que fariam Lula corar pela modéstia da Bolsa Família. E claro, ninguém nunca ousa falar nada sobre nenhuma mudança no sistema, aquelas coisas básicas tipo escrever uma Constituição.
O experimento americano da reforma do sistema de saúde mostra a resistência atual contra uma política de possibilidade. Não que seja uma coisa revolucionária (afinal, os eua é o único país "desenvolvido" a não ter um sistema público de saúde), mas americanos são americanos...
E a China, o país da moda? (aquele cuja economia iria dominar o mundo -até outro dia, pelo menos- igual o Japão nos anos 80, a união européia nos anos 90, etc...). A administração dos próprios recursos (que já são enormes, e somados aos investimentos externos) sem mudanças no sistema, não são revolução, não importa o quão bem sucedido seja. Não passa de mais um furo nas hipóteses da Ciência Política de direita, aquela que falava que com desenvolvimento economico vem o desenvolvimento social, aqueles caras que não sabem o que é Arabia Saudita, Brasil, Israel... A única diferença política que todo o desenvolvimento chinês teve pro seu povo foi que no próximo massacre em Tian´anmen vai ter videos no youtube.
Abaixo, evidência fotográfica que existem orientais com genitais subsaarianos.

Um comentário:

Constança disse...

esse foi valente. hehehe