sexta-feira

os outros 6

Estava aprendendo a controlar sua infofilia: não passava nem perto do computador. Lia livros como um alcoolatra que come bombons de licor pra evitar a garrafa de vodka.
Tinha passado do pior aspecto da patologia, quando o infofílico deixava de parecer um alcoolatra e ficava ganância pura -nem sequer aprendia nada sobre o que via, seu prazer era na pura sensação de folhar gigabites de informação geralmente desconexa e irrelevante.
Os sintomas chegaram no extremo quando seus olhos doiam e mesmo assim ele não os piscava na frente do pc, alternando posturas desconfortáveis na cadeira, na cama, no chão, laptop no colo. Uma das piores partes eram as músicas. Não ficava mais do que trinta segundos em cada uma, vertiginosamente zapeando pelas discografias que nunca conseguiu ouvir.
Um dia sua família fez uma intervenção. Não conseguiam mais manter uma conversa com o rapaz porque esse não ficava num assunto (desconfiavam que nem em pensamento) por nenhum tempo inteligível.
Hoje está mais controlado, mas não fala muito.

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