terça-feira

inside london v.1

Vamos então terminar de exorcisar esse fantasma existencialista: quase comprei o clássico dos clássicos (clássico sendo um livro que todo mundo conhece mas ninguém lê), o Ser e o Nada, do Sartre. Por que? simples: além de todo o blábláblá filosófico de tentar justificar o livre arbítrio por uma série de truques linguísticos, é sempre bacana ler essas coisas que ninguém lê e ver as distorções meméticas que rolam, aprofundar a cultura geral, e perceber os moralismos escondidos nos cantos dos supostos amorais. Sacanagem, só queria ler porque ele fala de garçons no livro.
Enfim, desisti, minha cultura geral vai ter que se contentar com aqueles pedaços xerocados da unb mesmo. Até porque, em uma continuação da nossa maré de sorte, conseguimos uma tv gigante. Não que eu consiga ficar muito tempo engolindo bbc, mas agora eu tenho onde ligar o videogame. Pronto, agora é que emburreço de vez. Vou ter que escrever sobre crítica pós-moderna da arte eletrônica, semiótica de narrativas interativas, das impressões culturais nipo-nerds, da relação com a máquina, ética cyborg, etc.
Ou não. Recebi a visita do Fernando (na real...), um dos melhores do meu semestre. Veio passear pela europa com a família, fez muito mais coisa em duas semanas do que eu em nove meses. Quando nos encontramos, um programa de braziliense -tomar uma cerveja e comer umas besteiras em casa. Inevitavelmente ouvi muitas notícias das coisas e das pessoas, e me lembrei que tudo isso continua existindo. Antes de vir, no entanto, Fernando me perguntou se eu queria alguma coisa do Brasil, respondi sem pestanejar "uma cópia do Grande Sertão Veredas". Mais um clássico, tomara que me impeça de perder demais as estribeiras por aqui.
...
Até porque, se existir alguma coisa genuinamente brasileira, com certeza é o sertão. Sem a contaminação de fora que sempre assolou a corte portuguesa e consequentemente a cultura carioca, sem os africanismos do litoral bahiano, e contido inteiro no país, ao contrário dos pampas, da amazônia, do pantanal. Só no sertão emergiu um brasileiro estranhamente distinto, uma raça, quase uma biologização de um pedaço da cultura. Enfim, vou ler o livro.

5 comentários:

Aloprado Plantonista disse...

Já cansei dessa merda d "por dentro d londres" foda-se, escreva uma cronica maldição, chega d realidade... eu odeio a realidade, traduza seus sentimentos para algo novo, conte uma estoria.

Aloprado Plantonista disse...

Ficçãããoooooo!!!

Piotr disse...

cara, ce falou muita merda agora. Primeiro que o "Grande Sertão Veredas" se passa em algum lugar em Minas Gerais (talvez Angicos)e não no nordeste; depois que é impossível falar de algo "puro" na Cultura Brasileira, principalmente a nordestina. Quanto há de luso-indio-africanismo nisso tudo não está no gibi...Culto do Espírito Santo? Candomblé? Umbanda? Catolicismo? Mandioca? Tapioca? Docinho de Gema de Ovo? São João?

"Claro que sou cristão; e outras coisas, por exemplo, budista, o que é, para tantos, ser ateísta; ou por exemplo, pagão. O que, tudom junto, dá português, na sua plena forma brasileira."
Agostinho da Silva

the author disse...

ahn, eu falei "sertão", e não nordeste, apesar de ser essa coisa indeterminada entre minas, bahia, e as coisas em volta.

Eduardo Ferreira disse...

fiquei pensando em qual é o problema de simplesmente escrever o que pensa e se lembra em meio a saudades e rancor...

quanto chatismo universitário em poucas linhas.