terça-feira

da inteligência

A capacidade de alcançar um objetivo (desejado, programado, previsto) de uma variedade de maneiras, ou em várias condições diferentes.
O grande problema da definição é que ela é necessariamente falha quando tenta ser geral. Não existe "inteligência geral", porque não existem problemas (ou objetivos, ou desejos) gerais. A capacidade de estabelecer (ou reconhecer) um objetivo e ser capaz de perceber se ele foi alcançado ou não é a base da inteligência, mas isso em si nada mais é do que a mesma coisa que o termostato da sua geladeira faz (se a temperatura estiver acima de x ligue o refrigerador, se estiver abaixo de y desligue). É por isso que o que se chama de inteligência tem a ver com a capacidade de variar os meios pelos quais se alcançam certos objetivos, ou a capacidade de alcança-los em vários meios diferentes.
A noção de objetivo fica central a qualquer análise de inteligência, sem essa visão teleológica fica impossível "julgar", comparar ou identificar inteligência. Comparações nesse sentido podem ser entendidas como a diferença entre a eficácia e eficiência entre sistemas inteligentes.
A inteligência vira refém da intenção, e desde o século xix a intenção não é vista diretamente, mas sempre no entendimento de seu caráter derivado, turvo e dissimulado. Esse problema tem uma pseudo-resolução na perspectiva darwinista, que oferece uma fundação distante do que poderia ser um "piso existencial", mas é demasiada vaga para o uso pontual em sistemas derivados (ou seja, quase tudo fora da biologia hardcore).
Derivado do direito, uma possível forma de contornar as complicações de atribuição de intenção talvez seja apelar pro princípio da responsabilização do sistema beneficiado pelo resultados da ação (cui bono), à despeito do que se pense sobre o agente. Mesmo assim, ferramentas analíticas forjadas em proximidade conceitual ao fenômeno específico são necessárias, afinal, não se abandona a idéia de inteligência geral só para se agarrar a uma forma de entendimento geral de inteligências pontuais.

3 comentários:

Constança disse...

ó mlk, ta aprendendo latim?
leu minha mono? tem a ver com essa onda de entendimento geral das inteligencias pontuais, mas eu falo das ciencias. critica lá pra mim seu virginiano d ....
bjs

Piotr disse...

Chatança! abandonou a galera é sua desnaturada!

Daniel F. Gontijo disse...

"É por isso que o que se chama de inteligência tem a ver com a capacidade de variar os meios pelos quais se alcançam certos objetivos, ou a capacidade de alcança-los em vários meios diferentes."

"Flexibilidade cognitiva" é também um termo que define isso. E nenhuma flexibilidade seria eficiente e eficaz sem os mecanismos de feedback negativo (análogos ao termostato) introduzidos no sistema — que, como você citou, dão intencionalidade ou objetividade ao comportamento.

Talvez chamemos de inteligência o produto dessas duas coisas. Ou talvez estejamos tentando criar termos (e tentando validar suas implicações) que definam nossa "superioridade" (para ser mais ameno, "diferenciais") em relação aos demais bichinhos do nosso planeta.

Um abraço!