terça-feira

transhumanismo


Indo malhar na academia a um mês, acho que nunca estive tão grande. Peso sensacionais 72 kilos do alto dos meus 1,79 de altura. Não sei dar aquelas medidas de halterofilista (quanto eu levanto no biceps de rosca invertida, etc), mas imagino que nunca estive tão forte. Corro meu aquecimento na esteira, uma milha inglesa, sem suar. Não pareço estar fazendo fisioterapia, os bombados não me olham feio, mas as mulheres também não ficam me secando. A grande pergunta é: pra que?
As estátuas gregas idealizavam um corpo específico (no homem) tido como belo. Os caras são bombados nas estátuas (acima o Laocoonte, a estátua helenica com o cara mais grosso que eu encontrei na internet), mas nada que impressione particularmente os bombados high-tech de hoje. Esse conceito de belexa tinha (se o leitor levar a sério o que sobrou de filosofia grega através dos tempos e traduções) uma série de associações virtuosas não só estéticas mas também morais e metafísicas na cultura grega.
Em outros contextos o corpo enfraquecido por privações e jejuns era o meio maior de virtude. O cristianismo medieval reconhecia que um corpo saudável era mais propenso aos pecados da carne, e o ideal moral era a abstenção (especialmente por parte do clero) da boa mesa, da vaidade, do sono, e se necessário com uma pitada de mortificação.
Apesar da variação no padrão corporal da beleza do ser humano através das culturas, minha favorita com certeza são as estátuas indianas, especialmente de uma das amantes de Shiva, Parvati, que sempre aparece ridiculamente gostosa, requebrando o quadril pra um lado e o pescoço pro outro, peitos inflados e redondos, cintura minúscula e bunda generosa. Foi mal aí mulheres renascentistas.



Hoje em dia com a crescente racionalização de todas as esferas da vida, biólogos, médicos e psicólogos sabem exatamente o porque a razão entre quadril cintura e busto são atraentes, o porque a simetria facial é atraente, tem até teorias de que cabelos longos (e bem tratados) seriam atraentes (porque o estado do cabelo é basicamente um reflexo nutricional da época em que ele nasceu no coro cabeludo, uma cabeleira reluzente, macia e longa indicaria um longo período de bonanza pro(a) cabeludo(a) em questão), Sansão que o diga.

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