segunda-feira

doxa 1.2

E no entato, a população brasileira tem toda razão em querer continuidade. O que é incompetência administrativa e desperdício de dinheiro comparado com a hiperinflação do Sarney? O que é estagnação institucional do governo comparado com o congelamento das poupanças que roeu as economias de metade do país? O que são os escândalos dos correios, do mensalão, do jardineiro, comparados com os sucessivos resgates do FMI com qualquer crise? Um pai de família desempregado e alcoolatra é muito melhor do que um pai de família desempregado alcoolatra que bate na mulher e nos filhos. Essa é a escolha dessas eleições. Exatamente a mesma que elegeu fhc duas vezes.
Nesse sentido é extremamente fácil ser "o melhor presidente do Brasil". É só olhar pra competição. A polícia pode continuar sendo uma combinação de corrupção e brutalidade que tanto faz, sempre foi assim. As escolas públicas podem continuar sem professores porque, hey, sempre foi assim mesmo. Hospitais idem, universidades (coisa de classe média) idem, desmatamento idem. Agora, se você for elogiado pelo presidente dos states como "o cara", isso realmente é significante e diferente. Sediar olimpíadas, Copa do mundo, essas coisas importantes. Se for pro oriente médio costurar um acordo que ninguém vai respeitar com o Irã, isso sim é sensacional. Antes disso o Brasil estava quase entrando na ALCA, convenhamos.
Aliás, isso deve ser (entrando aqui nos reinos da inferência psicológica) a raíz da mágoa do fhc com o governo Lula. O concenso era de que, desastroso como foram os 8 anos tucanos de governo, o Brasil pelo menos era bem visto lá fora, com presidente acadêmico e francófono e tal, sociólogo do alinhamento dos países subdesenvolvidos. Foi superado em todo e qualquer esforço que fez pra ser lembrado. Até o escândalo da compra de votos pra reeleição empalideceu ante o mensalão. Pode-se com um pouco de exagero resumir seu governo à mera implementação das políticas estabelecidas no concenso de washington, mas deixe isso pros historiadores do futuro.

3 comentários:

Piotr disse...

Só pra ninguém esquecer: A constança votou no Alckmin e na Maria de Lourdes Abadia. E ainda estuda filosofia e senta na nossa mesa de bar a anos, simplesmente tem coisas realmente dificeis de entender, nem a filosofia explica...

mombasca disse...

Realmente você está certo em vários sentidos, mas está também subestimando um pouco a importância que o Brasil alcançou internacionalmente e outras práticas políticas que estão acontecendo por aqui. Sei que é foda estando longe perceber, mas, por incrível que parece, eu sinto um direcionamento para a moralização política e uma dissolução da compreensão "de esquerda" e "de direita". acho isso sadio para a política, assim como a preocupação com a ética nos partidos. Parece piada e inocência, mas sinto isso. Contudo, as perspectivas das eleições são as piores possíveis. Temos as seguintes escolhas, ao meu ver: 12 anos de governo PT, com uma relação pra lá de promíscua do executivo com o legislativo, com todas as implicações que a coligação PMDB-PT pode trazer (e trouxe) pra política brasileira. A volta do PSDB magoadinho por ter sido uma oposição meio fraquinha, que mais chorou por não ter cargos que fez alguma coisa, e a Marina (meu voto) que é na verdade uma bem complicado. Ela é abertamente contra a muitas coisas que acho essencial para a liberdade individual do povo (tipo a liberação da erva... hehehe) porém tem a atitude de jogar essa discussão para a sociedade. Só um problema: será que a sociedade brasileira, sempre à margem das decisões legislativas, tem maturidade para discutir os temas propostos? vai ser foda. Mas a Marina, em relação a governabilidade, tem posicionamentos quase que revolucionários, tendo por base como se faz política no Brasil: acabar com a relação escrota de legislativo e executivo. Na verdade, o básico. Essas eleição vão ser MUITO sujas, e eu quero ver o circo pegar fogo.

constança disse...

ei! votei no lula no segundo turno.