terça-feira

transhumanismo 1.1

Mas a despeito das pressões evolutivas em direção à um padrão corporal, ele está inevitavelmente limitado e conformado às demandas e possibilidades ambientais. Não adianta alegar questões genéticas, o gordo não produz mais banha do que ele ingere de comida (o que seria basicamente uma violação da lei de conservação de massa de Lavosier).
O ambiente dita se vai ter cálcio de menos ou demais na sua dieta. O ambiente no sentido da disponibilidade dessas substâncias e no sentido das práticas culturais de ingerir essas substâncias e nos incentivos sociais pra fazer isso. Em quase todo lugar na superfície da Terra tem coisas pesadas pra levantar, mas isso não garante que determinada cultura desenvolva haltéres (ou algo análogo), e muito menos o culto ao corpo de certas tribos urbanas.
Essa relação direta entre o corpo e as pressões culturais tem implicações diretas não só na saúde dos indivíduos, mas também na própria definição do que significaria saúde -a capacidade de atingir certos resultados usando o próprio corpo- e de quebra o significado de normalidade. O que vem a mente quando se pensa em ser saudável em um escritório é bem diferente do que se imagina quando se pensa em ser saudável sendo um bombeiro.
O formato anatômico dos indivíduos passa a ser visto como uma função das demandas funcionais do sistema social onde ele está inserido. (Esse é um modelo simplificado, vou logo adiantando aos que não conseguem ver além dos extremos.) O ser humano se torna ferramenta de um esquema maior que o seleciona, treina e conforma do mesmo modo que lobos foram transformados em cães de variadas utilidades.

Um comentário:

Eduardo Ferreira disse...

ficou muito bom esse aqui. foda maladro.