domingo

da imprensa

Vez em quando leio sobre "controle social da mídia". Geralmente isso vem acompanhado de um entendimento de que existe um oligopólio nos grandes produtores de notícias (imprensa impressa, em rádio e tv) no mundo e em especial na America Latina. No Brasil isso é um problema óbvio, em primeiro lugar porque meia dúzia de jornais e revistas e um canal de tv são ridiculamente pouco diversos frente ao tamanho e diversidade social e regional do país. Em segundo lugar, essas instituições tem o péssimo hábito de ser homogêneas em sua visão de mundo.
Esses dois problemas (porque são problemas gravíssimos, em última análise porque são caricaturas economicas do que um mercado de 200 milhões de habitantes poderiam estar consumindo e os empregos e riqueza que isso constituiria) nunca incomodaram tanto quanto agora, não porque o país tem um governo com certas práticas contrárias a visão de mundo desse oligopólio, mas porque essas práticas são o que finalmente está fazendo a massa de miseráveis brasileiros finalmente ascender da condição absurda a que foram submetidos desde os tempos da colônia.
Se fosse o contrário, digamos: se no Brasil a mídia fosse descaradamente a favor do aumento do Estado e da redistribuição de renda, e se isso tivesse sido o lugar comum na política brasileira sempre; e de repente um governo de direita com ênfase na propriedade privada e no Estado mínimo finalmente diminuisse a pobreza, o dilema seria o mesmo: o flagrante descompasso entre a visão de mundo da imprensa e as práticas realmente úteis para o povo.

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