quarta-feira

os outros 8

Flaubérto não sabe como começou isso, mas sempre teve sorte com negras. Se sentia bem percebendo os olhares, e pra ele nunca foi difícil terminar bem uma noite de samba. Ninguém nunca viu dessa maneira (muito menos o pobre Flaubérto), mas o coitado não tinha o menor jeito com mulheres, ficava nervoso e nunca conseguia a confiança pra se fazer notar. Com as negras, mulatas, índias, bronzeadas e afins, ele se transformava. Não que sua auto-estima melhorasse, ao invés disso ele via as não-brancas de um jeito que não o assustava, ele as percebia mais indefesas, menos esnobes, menos orgulhosas, menos espertas. O racismo de Flauberto excluia a opção de ser negado pelas meninas que ele (nunca conscientemente) pensava menores, e essa certeza o fazia irresistível pra quem não pensasse a respeito.

Um comentário:

Eduardo Ferreira disse...

caralho é por umas e outras que a censura, de qualquer forma, deveria ser erradicada.

para mim, o melhor da sessão Os Outros