terça-feira

Neurose, robocop e buda iii

Mas nas sociedades os sistemas neuróticos são desgraçadamente numerosos. Existem motivos pra isso. Em primeiro lugar, não é simples diferenciar um programa que está rodando bem de um que poderia estar rodando melhor. Neurose é relativa.
Quem programa sabe que é um inferno se convencer que não tem como melhorar o código, que tudo já foi optimizado, que o problema é na máquina, etc. Ninguém sabe exatamente dar valores absolutos pra isso, e na verdade se trata de uma tarefa logicamente (no sentido acadêmico e complicado da coisa, tipo Gödel) impossível.
Mais simples é ver a pessoa neurótica. A resposta ao alienista de Machado é o principal ingrediente de qualquer psicopatologia, o sofrimento. Sem estar sofrendo (ou causando sofrimento a outros) ninguém é diagnósticado de nada. Ouvir vozes e psicografar um livro espírita não é chamado oficialmente de loucura. Ouvir vozes que te mandam cortar os pulsos, por outro lado...
O neurótico é o melhor exemplo desse princípio de sofrimento. O velho Freud mesmo chamava todo mundo de neurótico (apesar de sabe-deus-lá que definição ele usava), enfatizando a relatividade da saúde mental. Todos tem mecanismos mentais menos que perfeitos, mas é imposível dizer quanto pode-se melhorar a coisa, igual no processo de desbugar um programa.

2 comentários:

Piotr disse...

Aí...não existe programa que não seja neurótico e que tenha bugs...na verdade, talvez seja por conta dos bugs, dos erros intrinsecos que esse e os outros programas (o universo?) se modificam, evoluem e se transformam. Não compreendendo ou rejeitando a transitoriedade é que transitamos...

Eduardo Ferreira disse...

curti muito essa sequencia. talvez por está passando por uma experiência pessoal não muito boa em pessoas que não aceitam mudanças tenha absorvido melhor essas linhas.

a mudança é a palavra meu velho. como diria um sábio: pedras que rolam não criam limo.