terça-feira

garçonagens: eu e o cara mais interessante do mundo

Outro dia tive uma epifania enquanto polia talheres no pub: pensei no que queria da vida, no que tinha feito até então, e onde eu tinha parado por conta disso. Tentando não ser muito específico pra mim mesmo, pensei nos meus muitos interesses -e como nenhum está sendo satisfeito da forma que eu gostaria. Pensei numa solução genérica pra isso, em uma maneira alcançável de me tornar algo que eu gostaria de ser, e resolvi ser a pessoa mais interessante do mundo. Isso me pouparia o trabalho de ficar reeditando meu CV, de ser desconsiderado por minha formação ser de fora da Inglaterra, e de ter chegado nessa ilha em meio a pior crise desde os anos 70.
Mas afinal de contas, como é a pessoa mais interessante do mundo? Ela tem muitas histórias, provavelmente de viagens. Conheceu diversas figuras notáveis ao redor do mundo. Um senso de humor impecável, só nublado pelo seu timming e bom gosto. Cultura geral, raciocínio afiado e ginga -a pessoa mais interessante do mundo dança bem, como os deuses nietzschianos.
Nesse momento do delírio me imaginei conversando com esse indivíduo tão peculiar. Rapidamente percebi que se tratava de um chato. Não parava de falar, sempre tinha opinião sobre tudo, adorava exibir suas qualidades, não consegui lhe contar uma piada sequer. Não sei se me tratava bem por hábito ou gosto. Evidentemente que a pessoa mais interessante do mundo não era ele, minha idealização futura imperfeita. O que mais interessa as pessoas, o único assunto universalmente popular é o que elas querem dizer, são elas mesmas. Alguém que fosse interessante para todos seria bem mais simples do que eu antes pensara: se trata apenas de um bom ouvinte.
Esse objetivo de repente aparece como bem concreto e familiar. É hora de voltar para a clínica.

Um comentário:

Carol Guidi disse...

queria assinar isso com o meu nome! =*)