quinta-feira

voi ch'intrate: caixa preta

Antes de mais nada, é necessário se livrar da idéia de que é preciso entender como as coisas funcionam pra fazê-las funcionar. Você nem suspeita dos detalhes de como a eletricidade flui entre os transistores do seu computador, mas isso não te impede de usá-lo. Ou de como seu cérebro decodifica essas luzes na sua frente que você lê sem esforço. Certas atividades são tão notoriamente difíceis de entender que geralmente performa-las é mais fácil do que tentar explicar, como andar de bicicleta, ou desenhar.
Tudo bem então, explicar certas coisas é dificil, e daí? Qual o problema em tentar entender, mesmo que as explicações sejam meio problemáticas a princípio?
O problema das "explicações" precoces é que quando se trata de explicar uma prática, elas geralmente vêm acompanhadas não só de descrições do coisa, como também de prescrições. O melhor exemplo são as gramáticas que usam na escola. Além de não explicar como a língua funciona, prescrevem uma série de regras que não fazem nenhum sentido na maior parte dos contextos de uso natural da língua.
Na psicoterapia é necessário estar sempre atento para a influência que as idéias do terapêuta exercem nos vários aspectos do trabalho. E elas são onipresentes. É preciso sempre lembrar que, apesar das concepções teóricas serem o que possibilita a existência da psicoterapia, elas devem sempre estar submetidas à demanda do paciente.

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