segunda-feira

sombras e esquecimentos

do mesmo nome e destino que o último apóstolo, sempre pregando sobre o que nunca viveu.

um índio forte e alto,
tão grande que custou metade do peito de sua mãe,
que talvez tenha se perdido antes ainda,
triste por seu guerreiro ter fugido pra outras batalhas,
ou quem sabe ainda,
saído arrependido do seu próprio ventre pra lhe consolar -o resto da vida.

-uma névoa os envolve e cega-

o índio alto cospe a neblina entorpecente que cura seus hóspedes mas lhe castra a coragem,
perdido entre ser pajé ou caçador,
repouso ou aventura,
núcleo ou bandeirante.

-soldado leal à guerra que nunca será-

o gigante acolhedor que inspirava fartura tomou gosto em cear sozinho
e se esqueceu que à distância mesmo a montanha é pequena e não mete medo.
que a mesa cheia é boa quando cheia de irmãos, não pão e vinho.
a avareza a vergonha e a covardice encolheram o índio-menino que se exilou dentro de um sujeito quase-branco -cinza, acompanhado de uma tríbo pálida de filhos únicos, coisa que o índio nunca foi, mesmo que na memória.

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