sexta-feira

a dose faz o veneno


Amanhã é a parada gay de Londres. Não vou poder ir, porque vou estar fudidamente trabalhando no turno kamikaze de 12 às 12 dia de sábado em Carnaby Street com Wimbledon rolando (caralho, nego gosta de tênis nesse país -ridículo com direito a bater palma pro replay na tv). Enfim, escrevo isso aqui rapidamente só pra garantir a todos meus (2) leitores que eu pensei primeiro (caso role at all) em uma performance artística que seria perfeita pra parada gay: a boneca muçulmana.
Tem muito muçulmano aqui em Londres (em especial no norte, onde eu vivo) e rola muita burqa na rua. Como a Inglaterra ainda é Europa, de vez em quando nego flerta com essas idéias nazi de proibir símbolos religiosos que não os deles, como o famoso camisolão tapa-tudo do islã. A idéia da performance seria sair de traveco na rua, só que um traveco maometano -usando a tal da burqa. De preferência uma daquelas toda preta só com o buraco pros olhos (porque tem altas variedades, com rosto de fora, com panos coloridos -que é até bonita, há que se admitir).
A proposta se enquadra na multiplicação de significações que rompe com as dicotomias, que ofusca os simplismos. Homem-mulher, cristão-muçulmano, laico-religioso, vestimenta-fantasia, escolha-imposição, cultura-piada, e a trivialidade da vestimenta cotidiana-limites do controle estatal, -tudo se aplica, mas é impossível reduzir a somente uma delas. Em tempos que parecem apontar certas mudanças no primeiro mundo, é bom lembrar que são os mercados e governos que precisam de regulação, não o que as pessoas decidem vestir.

4 comentários:

Eduardo Ferreira disse...

confesso que não achei tão original assim meu caro barahona.

já deve ter uma penca de freiras travestis e algo do gênero. a pala de não olhar por debaixo da burca para a surpresa ser uma trava é no mínimo um choque banal.

quase um chiliquinho de ateu sem imaginação. qual é malandro tuh consegue bolar algo melhor que isso.

the author disse...

há que se postar então uma nota explicativa, meu caro irmão: os europeus não nascem com a nossa imunidade à intolerância religiosa, aqui pra eles esse negócio de islamismo é algo realmente cheio de tabus e estranhismos. claro que no brasil, país do carnaval e do desencanamento com as crênças, a burqa nada mais é do que uma variação da (carimbada) roupa de freira, que por sua vez é alvo de deboche desde sempre. mas aqui os caras relacionam isso ao inimigo que derruba torres, explode onibus e descarrilha trens, além de emigrar pra roubar seus luxos e empregos. pense numa fantasia de carnaval que fosse uma menina de doze anos com uma faca atravessando o próprio bucho de grávida e imagine o que um pai de família crente no brasil pensaria: esse é mais ou menos o paralelo. quanto a parte de chiliquinho de ateu, não entendi, a idéia é justamente defender o direito ao uso da burqa! finalizando, valeu por pensar que eu consigo fazer melhor, hehe. abraço putinha

Anônimo disse...

barahona, lendo seu blog cheguei a conclusão que esse afastamento traumático tem sido bom para sua acomodada genialidade. somente na dureza o homem vinga. depois disso, colo em ti numa invasão de zumbis.

Gabriel Mesquita

nefisto disse...

uma burqa transparente bisexual ia ser fera tbm