sexta-feira

the doomsday that never was (Londres não é Seattle)

Eu juro que no meio desses bobbys tem uns punks. E um cadeirante. Devem ser amigos, sei lá. Isso é em frente ao parlamento, o mesmo prédio do big ben. Tirando os hippies que sempre estão acampados num gramado que tem do outro lado da rua, não teve nada mais digno de nota.
Acordei cedo pra me juntar as massas em revolta contra o sistema financeiro, depredar a city (que é a Londres antiga, o miolinho da cidade, hoje abriga os escritórios de bancos e grandes corporações -o mal), e quem sabe, pela primeira vez na vida, não ter medo de tomar bala de policial.
Meu ônibus demorou pra cacete pra chegar no centro, e eu pensei que estaria entrando em uma zona de guerra que parou o trânsito até a zona 3 (onde eu moro), mas no fim das contas eram só obras na rede elétrica ou de telefone (que estão rolando em toda parte aqui). Aliás, essas obras deram margem pra que muitas calçadas, e mesmo ruas, fossem cercadas por pequenas grades, perfeito para conter as massas famintas que eu achava que iriam derrubar a bastilha nesse dia.
Qual não foi minha surpresa em ver o centro completamente vazio. Não era o vazio ideológico que eu esperava, com gente sem saber o que estava fazendo aqui, ou o vazio organizacional, que sempre fez o Estado ganhar dos excluídos; era o vazio demográfico mesmo. Não tinha ninguém. No desespero, eu tentava me aproximar de qualquer pequeno grupo de gente que eu conseguia avistar, na esperança de que fossem comunistas desgarrados, anarquistas conceituais, populares empolgados. Sempre eram só mais um bando de turistas. O maior de todos tinha uma senhora falando em francês, e uma tradutora simultaneamente falando em liguagem de sinais. Tudo muito civilizado, como de costume.

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