sábado

vadias 2

E eis que surge, das entranhas despolitizadas dos anos 10, um "movimento" de universitári@s (e simpatizantes) que marcham indignados. Caminham pelas calçadas explicitando sua desaprovação com a detestavel insistência de tentar associar vestuário com sexo sem consentimento.
Não que exista a necessidade de alguma mudança legislativa, uma vez que as roupas da vitima não são consideradas circunstâncias atenuantes na lei escrita (ao menos no Brasil e nos paises civilizados, principalmente os abençoados com a despresença do islã). A lei escrita, no entanto, não muda o fato de que vários indivíduos continuem acreditando na idéia bizarra de que minissaias e decotes causam impulsos sexuais violentos em seres humanos armados com um pênis.
E quando esses indivíduos (não exatamente os mais brilhantes exemplares da intelectualidade humana) ocupam posições-chave nas instituições que lidam com o estupro diretamente (na polícia, nos tribunais, os médicos, os psicólogos, etc) e indiretamente (os legisladores, os líderes religiosos, os professores, etc), o meme da responsabilização da vítima pode causar o estrago que deveria ser o grande motivo de protesto.
Eu digo "deveria" porque as vezes toda a "comoção" gerada pelo "movimento" (de universitári@s caminhando pelas calçadas) passa a impressão de ter como principal mensagem algo como "não queremos mais estupro" e "mulheres podem se vestir do jeito que bem entender", que somados dão a (um pouco mais sofisticada, mas ainda assim bem óbvia) "a maneira como a mulher se veste não deveria ser usada para justificar o estupro".
Eu não sei se o leitor está seguindo o raciocínio, mas pelo menos no meu humilde entendimento, caminhadas temáticas e gigabytes de escritos em redes sociais clamando o óbvio, que de tão óbvio já é inclusive codificado na lei a décadas, é de uma irrelevância impressionante, até mesmo pros padrões de despolitização dos anos 10.

Um comentário:

Anônimo disse...

Jogar talher pela janela é também uma coisa a se evitar.