quinta-feira

direto do moleskine x.1

Isso aqui.

A conceptualizção do debate (mais do que a maneira que se escolhem os fatos ou as palavras usadas), o que se decide focar, quais as oposições inventadas. Há que se livrar das supertições das oposições naturais (que sabe-deus-lá se existem).
Se o oposto de políticas sociais (supostamente mal feitas) for zero políticas sociais, é óbvio que o eleitorado (que é beneficiário) nunca votaria contra. E fica difícil convencer quem entende de economia (que sabe que o dinheiro injetado na base da pirâmide social circula bem mais efetivamente do que gasto pelo governo em obras de licitação questionável), e quem entende de história do Brasil (que sabe que governo nenhum dos atuais atores políticos vai cortar imposto mesmo que corte todas as políticas sociais, só vai meter o dinheiro em outro lugar, geralmente no bolso) a votar a favor de zero políticas sociais.
Chamar a redistribuição de renda tosca que é feita atualmente de assistencialismo ou esmola, por mais impactante que seja, não é um argumento. É igual chamar o presidente de pinguço ou ignorante, uma perda de tempo que poderia ser usado em analisar as políticas de Estado. George Bush mesmo conseguiu ir longe enquanto seus críticos se perdiam em seus erros de pronuncia e não viam o estado da economia inflada.
Mais engraçado ainda é o silêncio em relação ao que todos já sabem, que mesmo se a oposição ganhar a eleição no Brasil, nem fudendo vai cortar o bolsa-família. A questão lógica que se deriva disso é: quais serão as mudanças (se é que alguma coisa vai mudar) nesses programas, e quais os argumentos que as justificariam?
Esse é O grande problema do governo brasileiro. Não é só a grande mídia que não faz idéia de qual o impacto dos programas sociais, o governo também não tem a menor idéia. Bolsa-família reduz a evasão escolar? Bolsa-família tem alguma correlação com criminalidade (tipo densidade de um e de outro em relação ao mesmo município)? Bolsa-familia tem alguma relação com níveis de internação no SUS?
Eu nunca achei nem os números nem menção a nenhuma análise sóbria sobre isso, e pelo ano que eu trabalhei com o CEF 105 norte, escola modelo da rede pública no DF (por si só é uma das menos ruins do país) desconfio que esses números não existam registrados em lugar nenhum. Sem nenhum critério objetivo pra comparar o estado do país em diferentes governos (que não sejam os mais toscos indicadores econômicos), fica bem difícil evitar a pura ideologia e o populismo da polarização política nesse ano de eleição.

Um comentário:

Aloprado Plantonista disse...

Mais um motivo para você parar de botar parênteses nesses textos bem elaborados.