Beleza, nego é esnobe, qual a novidade disso? A novidade, na verdade o segredo, é que do outro lado das cortinas você entende o que é o desencanto, você vê a cara do pilantra de óz. Acontece um salto ontológico, um rasgo no horizonte de eventos e uma rachadura no cristal de toda a pompa e circunstância quando você entra na cozinha desses jantares. Quando você vê o suor do cozinheiro gordo pingando nos pratos perfeitamente decorados com os dedos nus que acabaram de ser usados pra coçar a bunda peluda e sebosa desse mesmo gordo. Quando você vê garçons (como eu) espirrando nas quiches, o mofo nas paredes, e repara que os cheiros dominantes na cozinha são os mesmos do ônibus lotado no meio-dia de qualquer metrópole tropical, isso é a desilusão. Cada prato entregue tem o valor dos presentes que o homem-de-lata e o leão ganham do malandro de óz. Quem sabe o diploma seja os miolos do espantalho.
Adultecer na nossa cultura envolve perder um pouco dessa visão mágica das coisas, tem a ver com um entendimento prático de como a vida funciona, como ela é movidas a trabalho de pessoas, e quão mais difícil do que parece tudo isso é. O jantar não brotou aqui, ele teve que ser (mal) feito pelos excluídos dessa festinha, pelos excluídos dessa educação. E adivinha o capricho que acaba saindo dessas pessoas sem o menor incentivo (em todos os sentidos) pra fazer mais do que o já tosco paladar inglês consiga engolir?
Felizes para sempre é uma ofensa a qualquer um que consegue manter um relacionamento por mais do que alguns meses e o esforço que isso consome. Tapa na televisão é o equivalente secularizado a fazer o sinal da cruz pra que a imagem melhore, a cada um desses um técnico chora sozinho no banho. Achar que a geladeira vai encher sozinha é tão místico quanto achar que o supermercado vai se encher de produtos sozinho, e entender a diferença entre os dois é o desencanto, não da vida moderna, mas sim da vida adulta.
Adultecer na nossa cultura envolve perder um pouco dessa visão mágica das coisas, tem a ver com um entendimento prático de como a vida funciona, como ela é movidas a trabalho de pessoas, e quão mais difícil do que parece tudo isso é. O jantar não brotou aqui, ele teve que ser (mal) feito pelos excluídos dessa festinha, pelos excluídos dessa educação. E adivinha o capricho que acaba saindo dessas pessoas sem o menor incentivo (em todos os sentidos) pra fazer mais do que o já tosco paladar inglês consiga engolir?
Felizes para sempre é uma ofensa a qualquer um que consegue manter um relacionamento por mais do que alguns meses e o esforço que isso consome. Tapa na televisão é o equivalente secularizado a fazer o sinal da cruz pra que a imagem melhore, a cada um desses um técnico chora sozinho no banho. Achar que a geladeira vai encher sozinha é tão místico quanto achar que o supermercado vai se encher de produtos sozinho, e entender a diferença entre os dois é o desencanto, não da vida moderna, mas sim da vida adulta.
4 comentários:
Não tenho nem oq falar senão concordar.
estava olhando um discurso sobre mais um sistema público de saúde não funcional em Recanto das Emas hoje pela manhã e o pensamento mesquinho de "ainda bem que tenho plano de saúde" passou por um segundo em minha mente.
um segundo é o bastante para se sentir um merda, não importa o quanto eu possa falar a respeito contra o sistema que se engrandece desse virar de rosto.
muito bem dito Pedro.
a única coisa que tem que permanecer sem desencanto é the monkness...
parece que alguem passou por um stresse.
na extreme good trip a gente ri até da morte.
senão é bad.
sempre um trabalho em andamento.
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