e o sujeito ali, sentindo o trem rasgando o vento atras de si, a vida fungando em seu cangote como uma onça prestes a dar o bote, ou como uma onça bocejando depois de ter comido demais. mas a vida não é a onça, a onça é o fim. a vida era o trem, e a frente do trem já passou, se agora o sujeito tentar sequer encostar de novo na vida, vai se machucar, vai se ralar, e muito provavelmente nem vai conseguir embalo o suficiente pra subir no trem, quanto mais sentar na janela.
…
depois que o trem passou, fica o vazio e o vento frio sopra. no chão, ainda brilhantes na luz do poente, os trilhos mostram o caminho que vai além do horizonte, e não ha muito o que fazer que não seguir adiante, caminhando em passo bom mas sem pressa, sabe-se-lá até onde o sujeito vai ter que gastar suas solas. mas ainda é cedo, o trem ainda passa rasgando nas costas, a fumaça é escura e o barulho é insuportável.
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