terça-feira

direto do moleskine vi.1

A visão das coisas despidas de relações (objetais ou libidinais, diria um psicanalista) emocionais, daquele coloridinho límbico, é exatamente o objetivo da ciência. Ou do nirvana. Zazen pra você, doutor Oppenheimer, eu me tornei Shiva, o destruidor, justamente por ignorar tudo que não as relações materiais, ignorando (não o espiritual, isso não existe -em nenhuma definição decente) as tantas relações (objetais ou libidinais, diria um psicanalista) emocionais, daquele coloridinho límbico que são exatamente a nossa motivação típica pra continuar vivo.
Não adianta tentar se redimir com um passadinho comunista, não importa o quanto isso seja louvável, você não é Vinícius, que também durou pouco fiél a causa. Mas as relações, ah, as relações. Maya pros do lado dos budas, materialismo dialético pro lado dos menos iluminados mas bem intencionados, Ayn Rand pra direita que nunca houve.
Aliás, essa mulher foi durante o mês que eu li a porra do Atlas Shrugged (um livro gigante e bem ruim) um objeto de fascinação. A direita capitalista true, atéia e egoísta até as últimas consequências (quase últimas, claro, a sexualidade não entra inteira, pelo menos não com os gang-bangs que o livro merecia) nunca teve nenhum defensor digno de nota no campo das artes. E autoras literárias raramente gozaram de tanta influência -política, econômica, filosófica, caralho, a mulher tinha quase um culto!- no mundo, quanto mais nos EUA. Bizonhamente essa mulher foi ambos, mas quando se estuda gênero, nunca se lê sobre ela. Imagino, apenas imagino, que isso seja devido a relação histórica quase umbilical entre a esquerda e os estudos de minorias (politicas).
Isso é uma pena. Ayn Rand, apesar de ser uma escritora medíocre, é bem original em suas idéias: é um interessante exercício moral descobrir o porque dela estar errada, daqueles cheios de pegadinhas, a mulher era bitolada na lógica de Aristóteles, o que a faz uma boa adversária. Pelo menos é melhor do que um Hegel mal entendido, há que se admitir, hehe, pobre Marx, enterrado em um mar de propaganda.

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